UM RUMO PARA O FUTURO I
"Um Rumo para o Futuro"
foi publicado no Jornal "VOZ de MIRA"
Texto de
Honório Campante
Olha quem fala…
Tenho lido, com particular interesse, os textos divulgados na Voz de Mira e no Mirapolis do João Carlos Rua.
Parte deles, à primeira vista, são feitos num registo que pode sugerir uma espécie de “big brother” da gestão autárquica local, mas na realidade têm mais o objectivo de desmistificar e, principalmente, de nos dizer que o rei vai nu. Pode ser incómodo, pode ter alguma subjectividade, pode expor os protagonistas (incluindo o próprio) e até caricaturar, mas convida-nos a exercer o nosso direito de interpretação, e depois de dizer de nossa justiça, de avaliar e de criticar. É esta perspectiva que me leva a apreciar os méritos das intervenções do João Rua.
Outra parte, mesmo que aparentemente cheio de generalidades e lugares-comuns (ou talvez não tão comuns…), são rasgos de bom senso, ao ponto de ficar a ideia de que qualquer pessoa está, obviamente, de acordo, e espelham uma sensação que partilho: o défice estratégico na orientação das decisões e nas acções. Pior ainda, pelo facto de não ser de agora e por não vislumbrar capacidade para uma mudança efectiva deste tipo de actuação.
Não me custa admitir o pensamento estratégico numa forma mais empírica. Mas assim é mais facilmente confundido com o improviso estratégico e tem sido, com frequência, abusivamente utilizado para justificar as decisões tomadas e dar fundamento estratégico à posteriori da acção, orientadas sobretudo para a procura de benefícios a curto prazo, sem a preocupação de ponderar e antecipar as consequências para o futuro ou de as utilizar como alavanca de desenvolvimento.
Numa das ideias que apresenta, surge a importância do poder autárquico de dinamizar e incentivar a participação das pessoas, individuais ou colectivas, da sociedade civil. Sugere-se um conselho consultivo. Se concordo no essencial, tenho uma opinião diferente quanto à forma. É que um conselho consultivo, não desfazendo na sua mais valia, teria sempre como pano de fundo uma conotação e colagem ao poder político vigente, podendo limitar quer os resultados ao politicamente correcto, quer a abrangência da participação. Diria mais, a responsabilidade não é apenas do poder autárquico, mas de cada um de nós, em particular, e de todos, em geral.
O principal é, obviamente, a participação dos Mirenses. E, em jeito de desafio, o Paulo Gabriel colocou, em minha opinião, o enfoque no sítio certo ao referenciar o papel do associativismo (ou movimento cívico) e independência do poder político como a forma democrática por excelência para o exercício da cidadania.
Crónica de Uma Morte Anunciada…
A ideia de uma Associação Cívica não é nova. Em Julho de 2005, em plena pré-campanha das autárquicas, vários Mirenses demonstraram vontade e disponibilidade em criar um movimento associativo com o objectivo de analisar e debater os principais problemas com que MIRA se deparava (e depara!) e as perspectivas de futuro, de modo a puderem sensibilizar as entidades competentes das suas principais preocupações, bem como de sugerir linhas de orientação e ideias/projectos que permitam o desenvolvimento sustentado de Mira.
Quando participei neste encontro ad hoc vi-me rodeado de um conjunto de Mirenses, alguns que muito respeito e que têm provas dadas em prol de Mira. Anui em ser um dos elementos com a responsabilidade de dinamizar este movimento associativo, formalizando a sua criação. E, na minha opinião, este processo era inadiável.
A total independência seria assegurada se fosse garantida a sua criação antes das autárquicas, permitindo evitar qualquer colagem aos resultados eleitorais. A blindagem dos estatutos à sua constituição como força política, mesmo que independente, e a sua candidatura (ou de qualquer dos seus membros em seu nome) a cargos públicos permitia reforçar o seu cariz cívico. Pela parte que me toca, não eram definitivamente estas as motivações. Sem poder afirmar os motivos, esta ideia não se concretizou antes das eleições, e será agora difícil que se venha a concretizar, pelo menos com o enquadramento original. Concluiria, simplesmente, que prescreveu.
foi publicado no Jornal "VOZ de MIRA"
Texto de
Honório Campante
Olha quem fala…
Tenho lido, com particular interesse, os textos divulgados na Voz de Mira e no Mirapolis do João Carlos Rua.
Parte deles, à primeira vista, são feitos num registo que pode sugerir uma espécie de “big brother” da gestão autárquica local, mas na realidade têm mais o objectivo de desmistificar e, principalmente, de nos dizer que o rei vai nu. Pode ser incómodo, pode ter alguma subjectividade, pode expor os protagonistas (incluindo o próprio) e até caricaturar, mas convida-nos a exercer o nosso direito de interpretação, e depois de dizer de nossa justiça, de avaliar e de criticar. É esta perspectiva que me leva a apreciar os méritos das intervenções do João Rua.
Outra parte, mesmo que aparentemente cheio de generalidades e lugares-comuns (ou talvez não tão comuns…), são rasgos de bom senso, ao ponto de ficar a ideia de que qualquer pessoa está, obviamente, de acordo, e espelham uma sensação que partilho: o défice estratégico na orientação das decisões e nas acções. Pior ainda, pelo facto de não ser de agora e por não vislumbrar capacidade para uma mudança efectiva deste tipo de actuação.
Não me custa admitir o pensamento estratégico numa forma mais empírica. Mas assim é mais facilmente confundido com o improviso estratégico e tem sido, com frequência, abusivamente utilizado para justificar as decisões tomadas e dar fundamento estratégico à posteriori da acção, orientadas sobretudo para a procura de benefícios a curto prazo, sem a preocupação de ponderar e antecipar as consequências para o futuro ou de as utilizar como alavanca de desenvolvimento.
Numa das ideias que apresenta, surge a importância do poder autárquico de dinamizar e incentivar a participação das pessoas, individuais ou colectivas, da sociedade civil. Sugere-se um conselho consultivo. Se concordo no essencial, tenho uma opinião diferente quanto à forma. É que um conselho consultivo, não desfazendo na sua mais valia, teria sempre como pano de fundo uma conotação e colagem ao poder político vigente, podendo limitar quer os resultados ao politicamente correcto, quer a abrangência da participação. Diria mais, a responsabilidade não é apenas do poder autárquico, mas de cada um de nós, em particular, e de todos, em geral.
O principal é, obviamente, a participação dos Mirenses. E, em jeito de desafio, o Paulo Gabriel colocou, em minha opinião, o enfoque no sítio certo ao referenciar o papel do associativismo (ou movimento cívico) e independência do poder político como a forma democrática por excelência para o exercício da cidadania.
Crónica de Uma Morte Anunciada…
A ideia de uma Associação Cívica não é nova. Em Julho de 2005, em plena pré-campanha das autárquicas, vários Mirenses demonstraram vontade e disponibilidade em criar um movimento associativo com o objectivo de analisar e debater os principais problemas com que MIRA se deparava (e depara!) e as perspectivas de futuro, de modo a puderem sensibilizar as entidades competentes das suas principais preocupações, bem como de sugerir linhas de orientação e ideias/projectos que permitam o desenvolvimento sustentado de Mira.
Quando participei neste encontro ad hoc vi-me rodeado de um conjunto de Mirenses, alguns que muito respeito e que têm provas dadas em prol de Mira. Anui em ser um dos elementos com a responsabilidade de dinamizar este movimento associativo, formalizando a sua criação. E, na minha opinião, este processo era inadiável.
A total independência seria assegurada se fosse garantida a sua criação antes das autárquicas, permitindo evitar qualquer colagem aos resultados eleitorais. A blindagem dos estatutos à sua constituição como força política, mesmo que independente, e a sua candidatura (ou de qualquer dos seus membros em seu nome) a cargos públicos permitia reforçar o seu cariz cívico. Pela parte que me toca, não eram definitivamente estas as motivações. Sem poder afirmar os motivos, esta ideia não se concretizou antes das eleições, e será agora difícil que se venha a concretizar, pelo menos com o enquadramento original. Concluiria, simplesmente, que prescreveu.
1 Comments:
At 10:24, Anónimo said…
Uma sugestão: Escrevam textos perceptiveis pelo comum dos mortais. Estes textos politicos com aspiração a literários que, por muito que se negue, nais não são do que tentativas de organização de algum moveimento cívico, dão-me sono!!!
Lamento...mesmo assim prefiro o estilo Lurdes Mesquita!!!
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