MIRAPOLIS mirapolis MIRAPOLIS mirapolis MIRAPOLIS - GERAÇÃO 2

quinta-feira, março 16, 2006

UM RUMO PARA O FUTURO II



"Um Rumo para o Futuro"
foi publicado no Jornal "VOZ de MIRA"

Texto de
Honório Campante




Estratégia para que te quero…

A ausência de uma visão estratégica para Mira e uma constante reorientação casuística e em função das circunstâncias (que, em última análise, deriva da primeira) não é de hoje e tem resultado, na prática, num insuficiente enquadramento estratégico dos vários projectos que têm vindo a ser promovidos pelas diversas autarquias que comandaram os destinos do concelho, ficando a convicção de que as obras realizadas são desconexas entre si e no tempo.

As consequências? Estas não resultaram numa melhoria sustentada, actual ou perspectiva, em termos de desenvolvimento económico e social (principalmente quando comparada com o desenvolvimento que experimentaram outros concelhos vizinhos, nomeadamente Cantanhede) e não tiveram o impacto desejado em termos de discriminação positiva e diferenciação de MIRA na região centro. Pelo contrário, verificou-se uma perda de competitividade, lesiva dos interesses do concelho, no sentido da atracção de novos investimentos e do seu desenvolvimento económico e socialmente sustentado.

Alguns exemplos?

Antes de saldar o campo de golfe, não deveríamos assentar uma estratégia para o desenvolvimento turístico de Mira? Se a memória não me atraiçoa, o projecto Mira Villas não fazia já parte de uma estratégia e não foi considerado estratégico? Então como é que o Mira Oásis, cujo ponto de alavanca foi precisamente o Mira Villas, é hoje um bairro onde a anarquia arquitectónica é o traço dominante, o gosto é (pelo menos) duvidoso, e que em nada fica atrás de outros bairros do concelho que tanto se critica mas cujo desenvolvimento nunca beneficiou de um planeamento urbano com o nível de exigência e de qualidade deste, como o Bairro Norte ou a Videira?

Os alicerces do Centro Cultural, não deveriam ser uma estratégia cultural para o concelho? Uma obra de envergadura como o parque desportivo não deveria pressupor uma estratégia e uma política desportiva? Começamos, então, por argumentar com a localização, encomenda-se o projecto e depois logo se verá (e não necessariamente por esta ordem)!

Antes de avançar com a incubadora e pensar o parque empresarial não deveria haver (ou não haveria) uma estratégia de desenvolvimento industrial para Mira? E, desta forma, não ficarmos totalmente dependentes de uma estratégia que pode não ser exactamente a que mais nos interessa (a da Beira Atlântico e a de Cantanhede)? E antes de avançar com o Pólo II, mesmo depois dos erros que se cometeram com o Pólo I, já não deveria ter sido pensado como iria servir a política de desenvolvimento industrial de Mira?

Para já não falar no megalómano projecto agrícola de produção de flores que, ainda hoje, tento perceber em que é que realmente contribuiu para o desenvolvimento do Concelho, salvo as contribuições (efémeras, digo eu!) para o emprego e para a notoriedade.

Ou seja, o défice ao nível do enquadramento estratégico tem tido aspectos perniciosos, desacreditando projectos que, reconheço, poderiam ser, ou ter sido, de uma enorme mais valia para Mira. E até parece dar o benefício da dúvida ao hábito do “senhor que se segue” colocar em causa tudo o que está para trás.

Para concluir, recapitulemos as últimas autárquicas. A análise que faço dos vários programas eleitorais é que foram apresentadas algumas medidas importantes e interessantes, mas muitas que apenas lá estavam para fazer número e para garantir o discurso “politicamente correcto”. Em parte dos casos valiam, não pelo seu cariz estratégico mas pela sua pertinência na gestão corrente, permitindo responder às necessidades básicas para a melhoria da qualidade de vida dos Mirenses. Noutros, acusaram a saturação de ideias. Noutros ainda, propostas completamente desenquadradas da realidade e a resvalar para a megalomania.

Vale isto por dizer que, na minha opinião e mais uma vez, apenas pontualmente se deram uns pontapés na estratégia, e o resultado foi em grande parte uma miscelânea de intenções que podiam e deviam ser integrados numa visão estratégica mais abrangente e articulada nas diversas vertentes do desenvolvimento local e de integração regional.

Muitos dirão, primeiro a obra, depois as políticas. Sim, porque todos fazem promessas e todos querem “deixar obra”. Mas delinear uma visão estratégica pragmática, coerente e integrada para o concelho poderia ser a obra mais importante de todas.

2 Comments:

  • At 15:38, Anonymous Anónimo said…

    Eu percebo pouco destas coisas de politica, mas estou em crer que estamos perante uma situação de "amadorismo profissional"! Digo isto porque parece haver pessoas que têm como profissão cometer erros dignos de um verdadeiro amador!!! Corrijam-me se estiver errado...!

     
  • At 15:41, Anonymous Anónimo said…

    O comentario anterior referia-se ao artigo "O Fim do Centro Cultural de Mira"...

     

Enviar um comentário

<< Home