Degradação do Litoral
Texto de
Carlos Monteiro
O litoral constitui uma unidade paisagística de extrema complexidade e sensibilidade, tanto nos aspectos físicos e biológicos, como humanos.
As dunas são as feições naturais da maioria das praias do mundo, consideradas por alguns cientistas como um ecossistema à parte. Elas recebem contínuos aportes de areia, transportadas pelos ventos dominantes, sendo caracterizadas pelo intercâmbio de areia com as praias e pela influencia de forças eólicas.
O litoral constitui uma unidade paisagística de extrema complexidade e sensibilidade, tanto nos aspectos físicos e biológicos, como humanos.
As dunas são as feições naturais da maioria das praias do mundo, consideradas por alguns cientistas como um ecossistema à parte. Elas recebem contínuos aportes de areia, transportadas pelos ventos dominantes, sendo caracterizadas pelo intercâmbio de areia com as praias e pela influencia de forças eólicas.
As dunas exercem uma função de tampão nos sistemas de praias, isto é, durante eventos de alta energia (ressacas), fornecem sedimentos para a praia. Por outro lado, quando a energia diminui, a praia fornece sedimentos para a duna.
Um problema de carácter mais global, associado a todos os factores de destruição das dunas, é a erosão costeira. A erosão costeira está associada a um fenómeno essencialmente natural – a subida relativa do nível médio do mar. Este é um fenómeno global e acontece na natureza desde os primórdios da Terra, o problema é que no último século, o ser humano acelerou demais esse processo, os fenómenos resultantes da intervenção humana no litoral [deficiência de sedimentos, desmantelamento das dunas e a assimetria na distribuição dos sedimentos (devido à acção dos esporões) e a criação de “feridas” nas dunas] aceleram o processo, contribuindo com uma elevada percentagem na erosão costeira. Qualquer estrutura fixa nas dunas representa um obstáculo à movimentação constante das areias, interrompendo-se assim o ciclo natural de reposição e transporte de areias pelo vento e pelo mar.
As estruturas perpendiculares à costa (esporões) constituem obstáculos ao transporte litoral de areias que se faz predominantemente de Norte para Sul – verificando-se a retenção de areias a norte do esporão e a consequente deficiência a sul, a que está associada intensa erosão. Para além dos desequilíbrios provocados na movimentação de areias, resolvendo um problema a norte e criando um mais grave a sul.
O Centro de Estudos de Ambiente e Mar do Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro num estudo efectuado entre o Furadouro e a Praia de Mira, registaram nalguns pontos recuos de 230 metros correspondente a uma perda efectiva do sistema praia-duna e um recuo médio da linha de costa de 6 m/ano. Há dois anos, por exemplo, registou-se em algumas zonas, recuos da linha de costa de 15 metros.
No nosso concelho por exemplo, construiu-se recentemente dois esporões na Praia de Mira, para resolver um problema de erosão local, derivado a construções de outros esporões a norte (Barra de Mira e Areão). Na sequencia dessas construções, verifica-se a dificuldade de retenção de areias a sul, a erosão, que começa verificar-se a sul desses esporões, é cada vez mais forte, as entidades gestoras há muito que foram alertadas para o assunto, a resolução destes problemas de erosão costeira, estão previstos no Plano de Ordenamento da Orla Costeira, “Ovar - Marinha Grande”, até à data nada foi feito, (só actuam em situações de emergência) o processo de erosão continua, sendo previsíveis galgamentos oceânicos de efeitos muito significativos, como já se verifica noutras localidades a sul.
Uma das soluções para o problema é destruição dos esporões substituindo-os pela re-alimentação artificial das praias. “Actualmente, são estas as soluções que se têm vindo a adoptar noutras partes do mundo. Nos EUA, por exemplo, há estados onde é totalmente proibido construir esporões. Os que já tinham sido construídos foram retirados, substituindo estas intervenções invasivas pela re-alimentação artificial e periódica das praias, e realmente verificou-se uma recuperação nítida das mesmas. Estas medidas têm os seus encargos mas se avaliarmos os custos da construção de um esporão e a sua manutenção, acaba por ficar mais barato fazer a re-alimentação. Foi com esta opção que se recuperaram as praias da Costa Nova e da Barra na década de 70/80”.
27 Comments:
At 19:30, Anónimo said…
Tem razão Engº.
Nos EUA optou-se pele "re.nutrição " das Praias. Fazem-no ha já laguns anos e parce que está a resultar. Miami é exemplo disso.Houve uma altura em que o mar quase batia nos edifícios que haviam sido construidos sem cuidados. A necessidade de manter o turismo como motor da economia daquela zona fez com que tivessem que ser asoptadas essas medidas.
Os esporões são terminantemente proibidos na costa daquele país.
As Praias estão a ser alimentadas com areia do leito dos rios.
Mas nós por cá ainda estamos atrasados e insistimos em fazer esporões que só fazem com que o problema passe a ser de outros.
Mas diga-me? o que nos restava fazer depois de Vagos ter feito um esporão? Fazer outro.
Para já é assim. Umdia quando os interesses económicos não se sobrepuserem aos estudos científicos talvez as coisas mudem.
A ver vamos
At 21:49, Anónimo said…
Segundo o que me contou uma pessoaa que esteve de férias nos estados unidos, de noite andam umas máquinas a repor a areia que o mar tira de dia.
At 11:02, Anónimo said…
Um texto realmente alarmante, obrigado por colocar as coisas de maneira simples e obvias. Só queria no entanto colocar duas questões ao Sr. Eng. Quanto tempo levaria ao desmantelamento dos esporões, e se daria para o fazer em tempo útil para a recuperação da nossa costa, e já agora questionar se já deu a ler este texto ao Dr. Reigota. Abraço a todos.
At 12:55, Rui Valdiviesso said…
Não podia concordar mais. E acrescento: é urgente rever todos os processos que estão na base da deficiência do transporte da carga sedimentar de fundo nos rios. A construção de mais albufeiras, como por exemplo, a do Sabor, só irá piorar mais ainda a quantidade de areia que um rio debita para a foz e dificultar, por conseguinte, o esforço de uma eventual realimentação artificial dos sistemas deposicionais costeiros. Portanto, este problema de erosão é, também, um problema energético. Trata-se de encontrar soluções diferenciais à energia hidroeléctrica, erradamente classificada como "limpa" e "renovável", nomeadamente a energia solar (fotovoltaica e térmica) e a eólica. Uma melhor gestão dos recursos hídricos iria, por sua vez, diminuir a necessidade de recorrer a albufeiras.
At 14:43, Anónimo said…
Caro amigo Carlão,
Confesso que compreendo a sua preocupação, mas pode explicar o porquê de tantos esporões na nossa Costa
Queria que nos explicasse melhor sem utilizar termos muito técnicos, porque não se faz a realimentação das nossas praias.
At 17:27, Carlos Monteiro said…
Amigo anónimo,
Apesar do nome porque são conhecidas, as obras de protecção costeira não têm como objectivo, proteger o litoral.
Normalmente, tais obras são construídas para proteger a propriedade, pública ou privada. São, fundamentalmente, obras de cariz "curativo" realizadas, em geral, com carácter de urgência, isto é, que pretendem eliminar ou mitigar localmente uma "doença": a erosão costeira que ameaça ou começa a danificar propriedades mal localizadas.
Quando os esporões ficam colmatados, a parte a montante fica completamente preenchida com areia, os volumes no sector jusante não são restabelecidos, pois, devido à forma da nova linha de costa imposta pelo esporão, as correntes de deriva são deflectidas para o largo, verificando-se deposição de areias a profundidades tais que inibem a sua remobilização.
Geralmente, no nosso país quando se fazem dragagens de areias "limpas", como é frequente acontecer, estes sedimentos dragados (em vez de, como seria natural e lógico, serem utilizados em operações de realimentação do litoral que reconstituiriam a deriva litoral) são utilizados na indústria da construção.
Slinkman,
Também estou de acordo consigo nessa matéria. O pais tem que começar a procurar outras alternativas de energia, deixando de explorar tanto os nossos recursos naturais.
Sr. Lendário,
O desmantelamento dos esporões, caso houvesse vontade politica, seria rápido.
O desmantelamento deveria iniciar a norte, consequentemente deveria ser feita a realimentação de areias nas zonas degradadas pela erosão.
É obvio que este tipo de intervenção implica grandes custos financeiros, mas também a continuação da construção de esporões e a sua manutenção, implica custos elevadíssimos para o país.
Este artigo, embora com outra profundidade, foi publicado nos Jornais, Publico, Ambiente e Gandara. Não é meu hábito, quando escrevo algum artigo ou texto, mostrá-lo a quem quer que seja. Peço desculpa, não entenda isto como arrogância pessoal.
Carlos Monteiro
At 23:33, Anónimo said…
Isto o ideal é fazeri exporões inté ao norte. E os espanhois que se pereocupem com o tamanho das praias. É ou nã é?
At 08:57, Anónimo said…
Isto dos esporões faz-me lembrar, as reformas avultadas que muitos potugueses têm, em que recebem muito mais do que se descontou sobre eles. Todos sabemos que fazem mal, mas não interessa a "nínguém" solucioná-los.
O Homem realmente é um ser complexo.....
VIVA MIRA!
Observador.
At 09:06, Anónimo said…
Amigo Carlão,
Gostaria de saber a tua opinião, como defensor do ambiente, sobre o projecto, previsto para o sul da Praia de Mira, da empresa Pescanova.
O que pensas dos terrenos que o projecto vai ocupar, uma vez que estão protegidos pela rede natura?
Na votação de utilidade municipal, qual vai ser a tua posição?
Um amigo da barrinha
At 11:05, Anónimo said…
Sr. Carlos Monteiro, não tomei como arrogância de maneira nenhuma. Mas penso que se esta realmente interessado em solucionar os problemas da nossa terra no que diz respeito ao ambiente, deveria facultar estes documentos a quem tem o poder na mão, sob pena do mesmo dizer que não sabia, que não leu, que não frequenta este blog, que não sei que, e que não sei que mais. Só por isso fiz tal referência. Abraço a todos.
At 13:51, Carlos Monteiro said…
Caro amigo da barrinha,
Em primeiro lugar devo informar-te, que todo o nosso concelho está coberto pela rede natura. Isso não implica que seja um impedimento para o seu desenvolvimento.
Antes de se colocar em prática um projecto, seja ele público ou privado, precisamos antes saber mais a respeito do local onde o projecto irá ser implementado, conhecer melhor o que cada área possui de ambiente natural e ambiente social (infra-estrutura material constituída pelo homem e sistemas sociais criados). O estudo de avaliação permite que uma certa questão seja compreendida: protecção e preservação do ambiente, o crescimento e o desenvolvimento económico e social.
Avaliar para planear permite que o desenvolvimento económico e a qualidade de vida possam caminhar juntos. Como deves compreender não conheço qualquer estudo ou avaliação dos terrenos em causa.
Sabemos que o ambiente tem vários significados para pessoas e realidades diferentes. Devemos levar em consideração que o nosso planeta é composto por muitos ecossistemas e ambientes com características próprias, não podendo haver um padrão único de estudos.
Por isso grande parte das zonas industriais do nosso país, aparecem em zonas florestais.
No entanto há coisas essenciais que devemos saber:
Que tipo de efluentes essa unidade vai produzir?
Qual o grau de poluição atmosférica que a fábrica provoca?
A que sistema de saneamento vai ficar ligado?
O meu voto, na proposta de utilidade municipal, vai ser decidido no decorrer da discussão.
Defender o ambiente e a qualidade de vida dos cidadãos, não é impedir o progresso e o desenvolvimento sustentável do nosso concelho.
Carlos Monteiro
At 15:26, Anónimo said…
Ainda não entendi porque o Dr. João Rua continua a promover o Eng. Carlos Monteiro.
- Será que temos por ai, alguma nova parceria tecnocrata?
A partir de agora, mediante os factos que nos apresentam, passam a ter outro tipo de exigências, para defenderem aquilo que escrevem, nos locais próprios.
Vou ficar à espera... em princípio confio nos dois!
At 15:42, Anónimo said…
Por favor, não me venham agora com esse tipo de discurso, para tentarem impedir o progresso do nosso concelho.
Não sabem que a Pescanova é a segunda maior empresa da Europa e a sétima mundial no seu ramo.
Que vai criar 300 postos de trabalho. Parece-me que não estamos carenciados de emprego no nosso concelho.
At 18:57, Anónimo said…
Pescanova na Praia de Mira?? Para quando? Onde? Será que vai mesmo existir? Querem me explicar o que se passa? Obrigado
At 19:28, Anónimo said…
So gostva que mexplicassem porque é uqe os Espanhois não a quiseram lá.Se alguém me der essa explicação na Assembleia sou capaz de votar a favor.Para já não me convencem.Restos não são uma alimentação saudavel.Muito menos restos dos Espanhois.
At 21:52, Anónimo said…
Só um aparte:
Sugiro, porque considero de todo interessante, uma visita ao site do jornal "Voz de Mira". Habituei-me a passar por lá e está deveras interessante.
Conta com as "últimas" do nosso Concelho em diversas áreas de interesse e existe sempre uma sondagem de opinião sobre temas "quentes" da gestão autárquica.
Enfim, uma nova maneira de abordar as questões. Já era tempo por estes lados.
Quase dispensa o Site da Câmara Municipal de Mira que cada vez tem menos interesse.
O tema da sondagem de opinião, actualmente, é a instalação da Pescanova.
Pertinente.
Uma opostunidade de exprimirmos a nossa opinião.
At 08:56, Anónimo said…
Amigo Zuamira,
aqui vai a noticia publicada em diversos jornais do país e confirmada pelo presidente da câmara.
A espanhola PESCANOVA vai investir 198 milhões de euros num projecto de aquicultura no concelho de Mira, que deverá criar 350 postos de trabalho directos, noticia o Expresso.
«Esta infra-estrutura vai ficar dotada de uma capacidade de produção de 10 mil toneladas de peixe por ano - muito acima do total produzido actualmente em portugal pelas 1472 pequenas empresas existentes no sector e que, no seu conjunto, não vão além das 7 mil toneladas.
Jaime Silva, Ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e das Pescas, elogia o esforço de investimento da empresa espanhola e espera que o projecto possa absorver alguma mão-de-obra que entretanto ficou desempregada no sector pesqueiro da região».
At 11:39, Anónimo said…
Gostei imenso do texto do eng Carlos Monteiro e dos posts à volta da matéria que nos propõe. Entretanto pareceu-me haver alguma incredibilidade da sua parte, para a resolução dos problemas que expôs.
No entanto, esperança é sempre bom tê-la. Todos sabemos que a “importância” que se dá a certas coisas é sempre, relativa, influenciável e dependente, sobretudo dependente da maneira de como se observa, como se pesa o que se lê e se compara. Mas não podemos subestimar nem esquecer, isso é que é realmente soberano, os perigos, as consequências irremediáveis de não nos importarmos com situações alarmantes, como esta que nos foi exposta.
At 20:55, Anónimo said…
Carlos
Não podia estar mais de acordo com o que apresentas e defendes no teu texto... O problema de base é que os sucessivos governos apoiados pelo conhecimento dos inúmeros estudos técnicos, consegue fazer:
- POOC´s (Planos de Ordenamento da Orla Costeira) e deixar e foras as áreas portuárias !... Quer ordenar e planear o litoral e ao mesmo tempo deixa de fora os elementos que causam maior instabilidade... Inacreditável mas real !...
- E quando Portos como o de Aveiro quer fazer recargas de areias nas praias, os critérios ambientais são tão apertados, que talvez só mesmo areias de praias desertas serviriam para o efeito... Infelizmente também acontece...
- Apesar dos conhecimentos da política e das opções pelos esporões ser falada e discutidas à pelos menos 15 anos, pouco ou nada se tem feito em sentido contrário...
Vivemos pois num mundo de exigências e de sonhos irreais... Queremos tudo topo de gama e todos têm receio de não ser cientificamente e academicamente correctos... e ao mesmo tempo não sabemos fazer nada !... As soluções ideais raramente existem e nestes casos recomenda-se o equilíbrio do bom senso...
Falta apenas mudar mentalidades e isso leva tempo. Pena que seja um tempo que se mede, não em anos mas em gerações...
At 14:43, Anónimo said…
Gosto bastante do texto e ainda bem que alguém se lembrou de colocar este problema em discussão. Também que se me for permitido expor o meu ponto de vista de modo, e quem sabe ajudar a nossa costa. Primeiro acho que a reposição de areias nas Praias não é uma solução muito viável pois necessitaria de uma constante intervenção de manutenção uma vez que estas areias não seriam tão fixas como as areias que o mar deposita, logo seriam levadas pela acção dos ventos e do mar muito mais rapidamente, logo a relação de custo/ eficácia, decerto que afastaria qualquer intervenção governamental. Em segundo lugar, e segundo a minha opinião pessoal, acho que seria menos custoso e mais eficaz a colocação dos chamados pés-de-galinha a sul dos esporões, pois quebrariam a força das marés exercida na praia, diminuindo assim a erosão da mesma. Há poucos anos a norte da Praia de Mira o avanço das marés ultrapassou em muito os 15 metros, não andei a medir mas penso que mais de 100 metros de Praia desapareceram durante o Inverno. Quanto à citação sobre a praia da Costa Nova, não sei quem a fez e admito que esteja certa, mas desde sempre me lembro de haverem bastantes problemas com o avanço do mar naquela praia, problemas, esses que só vi resolvidos quando se construiu o novo esporão e aquela parede de pedra que separou a praia da zona habitacional.
At 20:50, Anónimo said…
Pois é...a Pescanova é um projecto tão pequeno que para quem não sabe deixou os espanhóis todos com uma raiva que só visto. Para o(a) anónimo(a) que não sabe o que diz já que tem net(ou está a usar da escola ???)basta só fazer uma busca no google com as seguintes palavras: Mira Pescanova e depois informe-se...deixe de dizer babuseiras....
At 11:01, Anónimo said…
A Mira foram atribuídos 600 mil euros para requalificação do Parque de Campismo Municipal. Esta verba foi conseguida pelo actual executivo ou pelo anterior? Será que vai mesmo ser aplicada ou vão deixar caducar prazos? Se o parque for mesmo eualificado vão continuar os atropelos hà segurança? A bagunça vai acabar?
At 16:31, Carlos Monteiro said…
Zuamira,
Em primeiro lugar peço-lhe desculpa em não responder logo ao seu post, mas como verificou estava tão envolvido no outro texto, que me esqueci do meu.
Há que reconhecer que os molhes, paredões e quebra-mares dos portos são imprescindíveis para o desenvolvimento económico e social do país. Têm, fundamentalmente, duas funções: modificar as condições oceanográficas locais (por forma a tornar mais segura a entrada do porto e a própria zona portuária); e modificar as condições da dinâmica sedimentar (por forma a fixar canais de navegação e minimizar o assoreamento).
Como é evidente, tais estruturas perturbam profundamente a dinâmica intrínseca do litoral, entre outras razões porque:
a) Modificam, as condições locais da deriva litoral, induzindo fenómenos de difracção, refracção e reflexão da agitação marítima totalmente estranhos ao funcionamento natural do sistema.
b) Frequentemente, divergem para o largo as correntes de deriva litoral, o que tem como consequência a deposição de areias a profundidades em que dificilmente são remobilizadas, o que se traduz numa diminuição da deriva litoral nesse troço costeiro.
c) Interrompem, quase por completo, a deriva litoral (pelo menos até colmatação completa do molhe), o que tem consequências profundamente nefastas para o litoral a jusante dos molhes.
Aponte-se, a título exemplificativo, o caso do Porto de Aveiro onde, após a construção dos molhes, se estimava uma acumulação de areias, a Norte do molhe norte, de cerca de 8x105m3/ano.
No litoral a sul dos molhes, desprovido de alimentação, verificou-se forte incremento das taxas de recuo da linha de costa. Registaram-se, neste troço litoral que sofre os impactes negativos dos molhes, recuos médios anuais de 8m/ano, com valores locais superiores a 10m/ano, situação esta que conduziu à construção de um campo de esporões na Costa Nova, os quais induziram, por sua vez, nos anos seguintes à sua construção, recuos da ordem dos 30 m.
Portanto, penso que a melhor solução para esta situação, seria condicionar o licenciamento abusivo de extracção de areias, feita a montante do molhe norte e realimentar a zona a jusante, sujeita a forte erosão.
Quando as praias estiverem realimentadas de areia, segundo a técnica de Braun, em vez da realimentação da praia, aplica-se a realimentação do perfil. Enquanto a primeira se limita à transferência da areia de um local para outro, a segunda recorre a um estudo da areia ao longo do perfil da praia (desde a praia submersa à imersa). Após este estudo, determina-se a granulometria adequada da areia a aplicar.
No tipo de esporões de que nos fala a que normalmente chamam “pé de galinha”, as correntes da onda, originadas pelo efeito da difracção, provocam acumulações de inertes em ambos os lados do esporão, embora as quantidades retidas a montante sejam muito superiores à quantidade retida a jusante.
Carlos Monteiro
At 20:47, Anónimo said…
Sr. Carlos Monteiro, não percebeu bem a minha idéia. A minha idéia era colocar os chamados pés de galinha paralelamente á linha de costa e a sul dos esporões existentes. Seria uma forma de segurar as areias e de proporcionar um bom local de veraneio.
At 17:44, peixemola said…
viva a todos
assunto os esporões
quando a praia de mira estiver igual á vagueira o municipio fica descanssado, acaba o turismo, é a alegria geral ou sera que não
At 22:43, Anónimo said…
o desenvolvimento de mira passa pelo turismo.criem fonte de riqueza para depois resolverem outros problemas tais como os ambientais.a politica aqui nao interesa,so temos mira como objectivo.riqueza natural como a nossa nao abunda pelo paìs vamos aproveitar. Do turista que gosta de mira
At 22:59, Anónimo said…
Será que não consigo resposta ás minha preguntas, nem mereço nenhum comentário? fico á espera.
Amigo do Ambiente..
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