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domingo, março 19, 2006

INÉRCIA ACTIVA


Texto de
António Jorge Menezes

(Inércia)


Não sei se por influência do blog Mirapólis ou se por um súbito mal-estar e despertar de vontade e consciência de participação cívica, o certo é que os artigos sobre os temas Estratégia Política, Associativismo e Cidadania começam a ser uma constante na Imprensa Local que de forma exemplar e isenta os vai publicando.

Observo, também, uma atitude mais crítica e transparente do cidadão comum, alicerçada num envolvimento físico e intelectual mais premente e presente nos locais para esse mesmo efeito – como as Associações e a referida Imprensa. Por oposição capto um certo afastamento desse mesmo cidadão, quiçá desiludido, das formas de organização política tradicionais – os partidos.

Talvez esteja latente um movimento/manifestação, ainda não consciente, que contrarie aquela propriedade que os corpos têm de persistirem no estado de repouso enquanto não sujeitos a uma força que altere esse mesmo estado ou que o ser humano aparenta quando perante a desilusão se queda mudo e quieto, enquanto não “enche o copo e explode”.

Quero aqui deixar claro que não sou, de forma alguma, a favor, de um qualquer Movimento Cívico enquanto meio de um conjunto de personalidades, mesmo que munidas de ideias e ideais comuns e de bom-senso, fazerem ou concorrem a fazer Política ! O risco e a atracção de se substituírem aos tradicionais meios e locais para tal exercício – partidos, órgãos autárquicos, assembleias municipais – são demasiado omnipresente.

Mesmo partilhando o entendimento do Homem, já em Aristóteles, como Animal Político, sou forçado a relembrar-me que nesse mesmo conceito está intrínseco outro, ou seja, o de “viver virtuosamente e em plena hegemonia e equilíbrio entre a ética e a Política ! E, então, sou de opinião da perfeita separação entre as “águas” – a perfeita separação entre aquele que exerce, com o direito concedido pelo povo através do voto, a Política e aquele que exerce o seu direito de Participação Política enquanto cidadão através da consciencialização da responsabilidade política e social de cada um, em particular, e de todos em geral .

Gostaria, então, de assumir que existe, para mim, um fosso, claro, entre a Ideia de Movimento Cívico e a de Conselho Consultivo; sendo que este último, forçosamente, possuirá um campus de actuação, de todo, actual e separado do primeiro quanto mais não seja pela inexistente vontade de fazer Política não se conotando nem se colando per si ao Poder Vigente mas obrigando-se e disponibilizando-se à Participação crítica e activa através do debate perante esse mesmo poder vigente.

Manifesto também, uma preocupação de separação da Política em relação ao Associativismo. Sendo esta forma de participação na Vida Pública, a forma democrática por excelência do exercício da Cidadania, não deverá, a meu ver e enquanto dirigente associativo, correr o risco de diluir a ténue linha que separa o conceito de Ser Político do de Ser Cidadão! Certamente que o Associativismo do Séc. XXI já não é aquele que foi de há 30 anos, não lhe tirando qualquer valor mas antes apoiado pelo saber de experiência feito e agora perante novos desafios.

O Associativismo já não pode estar tão dependente do espírito e “carolice” de alguns ou mesmo do “paternalismo e subsídio dependência do Estado, devendo assumir a sua importância e o seu papel, iniciado logo nas Escolas – com as Associações de Estudantes – como meio essencial e privilegiado de promoção da cultura, do desporto, da área social mesmo e inclusive substituindo a própria intervenção do Poder Político institucional.

Sem qualquer dúvida que o Associativismo deverá ser adverso ao individualismo característico na actual sociedade e à competição desenfreada, deverá ser uma forma de combate ao ostracismo, de promoção de aprendizagem cívica, de representação e promoção da Cidadania. Mas, NUNCA, nunca dissolver-se nos interesses que envolvem os valores partidários do Poder Vigente. Mesmo que o Estado, a Autarquia, crie um Gabinete Técnico Autárquico de Apoio ao Associativismo, este não será uma forma de controle, uma ancora de travagem mas sim uma forma de desenvolver uma Parceria numa ( tão ) necessária Estratégia e Visão para o Desenvolvimento Sustentado do Concelho.

Hoje, ao dirigente associativo, exige-se exactamente a isenção política e partidária no exercício das suas funções, enquanto tal, embora não o castrando de ter opiniões ou mesmo de as manifestar enquanto intuído de um verdadeiro espírito de Missão e Interesse Público!

Ao dirigente associativo exige-se abertura de espírito, solidariedade, humildade, imaginação, determinação e muita, mesmo muita atenção aos sinais. Exige-se Saber mas também Saber Fazer ou mesmo Saber Fazer Saber ou seja respeitar e aprender com o passado das suas origens de forma a ser garantia de construção do nosso futuro!

O desafio do Séc. XXI para o Associativismo será menos o de Fazer Política e mais o de Manter e Catapultar Dinâmicas, Promover Parcerias, Agir em Comum, Partilhar vontades e Sonhos, sendo o Verdadeiro espaço para o Cidadão Actor – o cidadão que consume cultura mas que com ela interage conscientemente, construindo Pontes! Como disse João Paulo II “ …hoje, trabalhar é um trabalhar com os outros e um trabalhar para os outros.”

Despertemos, todos, da Inércia que se consciente se torna activa e profundamente negativa e desempenhemos, cada um, o seu papel. Só, assim, poderemos Progredir …e Progredir é realizar UTOPIASÓscar Wilde…relembrando a globosfera atribuída ao blog Mirapolis…

3 Comments:

  • At 09:35, Anonymous Anónimo said…

    um blog tem forcosamente que ser escrito asssim?
    Esclareçam-me!! É que ests textos filosóficos com aspiração a literários não são para todos... dá-me idéia que pretendem realmente algo mais do que a mera discussão de idéias.
    Uma sugestão: deixem-se de lugares comuns e escrevam sobre o que realmente interessa.Estes textos dão-me sono.Apenas isso.

     
  • At 22:55, Anonymous Anónimo said…

    Votos de somhos cor de rosa!

     
  • At 16:00, Anonymous Anónimo said…

    Apesar de não deixar de concordar com o expresso no texto, este não passa de um chorrilho de chavões que se podem retirar de qualquer livro académico...
    Sempre que leio as palavras "estratégia", "sustentabilidade", "desenvolvimento sustentável" entre muitas outras do mesmo estilo, vem me à cabeça uma frase batida:
    "De boas intensões está o inferno cheio!"

    António

     

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