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quinta-feira, outubro 26, 2006

Desenvolvimento Sustentavel


Texto de
Carlos Monteiro

O actual modelo de crescimento económico provocou enormes desequilíbrios; se, por um lado, nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo, por outro lado, a miséria, a degradação ambiental e a poluição aumentam dia-a-dia. Diante desta constatação, surge a ideia do Desenvolvimento Sustentável, procurando conciliar o desenvolvimento económico com a preservação ambiental e, ainda, o fim da pobreza no mundo.

Têm-se falado muito em desenvolvimento sustentável, mas pouco sabemos sobre quais os seus objectivos e as formas de implementação. O conceito de Desenvolvimento Sustentável é, normalmente, definido como o desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração actual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e económico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais.

O desenvolvimento sustentável não se trata somente da redução do impacto da actividade económica no ambiente, mas principalmente das consequências dessa relação na qualidade de vida e no bem-estar do cidadão, tanto presente quanto futura.

Portugal terá de desenvolver uma adequada educação ambiental nas escolas públicas e privadas do país; estabelecer um plano nacional de troca de conhecimentos técnicos específicos na área ambiental; fortalecer as instituições públicas que têm o dever de fiscalizar a preservação do ambiente; rever a legislação, adequando-a à nova realidade mundial de preservação ambiental; desenvolver estudos dos recursos naturais existentes, fortalecendo as suas condições de sustento; direccionar o desenvolvimento industrial, propiciando a criação de pólos industriais em áreas de menos impacto ambiental; incentivar práticas agrícolas que preservem o meio ambiente, fornecendo condições especiais de escoamento dos produtos, evitar a desertificação da terra; desenvolver o ecoturismo com visitas a áreas naturais; diminuir as agressões dos agentes poluidores ao meio ambiente, mediante estudos técnicos e específicos, utilizando modernas tecnologias; incentivar a criação de grupos e associações de protecção ambiental.

Estas são algumas das providências que são sugeridas na Agenda 21, na tentativa de se desenvolver uma sociedade mais saudável e com garantia no futuro, cabendo a cada um de nós dar a sua contribuição para que isso ocorra, já que o futuro da humanidade depende da criação de uma nova filosofia de vida.

A Agenda 21 Local (desenvolvimento sustentável)

Uma Agenda 21 Local (A21L), define-se como um "processo participativo e integrador dos vários grupos de interesse da comunidade, que almeja as metas da Agenda 21 ao nível local através da preparação e da implementação de um plano estratégico de longo prazo, que procura dar resposta às preocupações e às prioridades identificadas a nível local na área do desenvolvimento sustentável".

Será, então, que a ideia que os autarcas têm de uma A21L corresponde à ideia disseminada pelo Programa Europeu de Cidades Sustentáveis?
Num inquérito feito a autarcas portugueses, os nossos autarcas deram respostas pouco claras e acima de tudo, poucos são os que referem a compatibilização do ambiente com o desenvolvimento; ou simplesmente a preservação ambiental; a participação ou meio de diagnóstico; ou, ainda, o desenvolvimento socioeconómico.

Ou seja, muitos autarcas confundem a Agenda 21 com uma questão meramente ambiental, quando esta dimensão tem neste quadro o valor de uma dimensão entre outras, ao mesmo tempo que secundarizam a dimensão cívica que é, esta sim, uma marca diferenciadora do próprio conceito de A21L.

Nesse inquérito apenas para dos 12% inquiridos uma A21L corresponde, grosso modo, à definição do acima referido. Por seu turno, quase 44% dos autarcas inquiridos mostra praticamente um total desconhecimento da matéria: 31,7% não conheciam o termo ou não responderam e 12,2% deram uma definição ambígua ou pouco clara.

Participação pública para a sustentabilidade local

Neste panorama, a participação das populações e dos principais actores socioeconómicos locais reveste-se de capital importância, surgindo, a um só tempo, como indicador fiável da evolução de tais processos integradores e como sua fonte dinamizadora já que, é da discussão aberta que mais facilmente se podem encontrar soluções aptas a ultrapassar as lógicas unisectoriais. Vejamos então que papéis declaram os autarcas estar dispostos a reservar à participação das populações nos processos de tomada de decisão.

No que diz respeito ao papel reservado à população nos processos de tomada de decisão apenas 29% dos inquiridos aceita a participação das populações sem reservas, 31% pensa que a complexidade das matérias podem impedir ou dificultar a participação e quase 40% acha que os processos de tomada de decisão devem ser reservados aos autarcas eleitos para esse fim e que conta, para o efeito, com as assessorias técnicas necessárias.

O financiamento da sustentabilidade local

Quem deve então pagar os custos do desenvolvimento sustentável? Assumirão os autarcas essa responsabilidade?
Tratando-se de uma questão que tantos associam à problemática ambiental, não espanta que, como se constata 70 % dos autarcas inquiridos refiram a União Europeia como principal fonte de financiamentos para o Desenvolvimento Sustentável local. Cerca de 30% dos inquiridos, no entanto, desdobra as suas opções, quer pelo orçamento de Estado, quer, ainda, pelo Ministério do Ambiente.

Ou seja, prevalece muito mais a visão da insustentável subsídio-dependência face às instituições europeias e nacionais, e muito menos a intenção de encontrar fontes sustentáveis de financiamento, tais como, por exemplo, as taxas ambientais, ou até mesmo a proposta de novas formas de financiamento local.

É com esta situação preocupante com que nos deparamos, a maioria dos nossos autarcas não conhece, ou fingem não conhecer, as regras do desenvolvimento sustentável, assim como os nossos direitos de cidadãos.

Referindo-me ao nosso Concelho, ainda estamos muito longe de cumprir os compromissos assumidos, mas algumas tentativas já começam a aparecer, o que é um bom sinal; porém, tenho que reconhecer que neste Concelho, os direitos de cidadão são constantemente lesados, o que é muito mau. Devemos tomar providências urgentes no sentido de desenvolver em todos os cidadãos uma consciência alicerçada numa ética ambiental voltada para a criação de um Concelho moderno, onde os cidadãos possam participar mais para satisfazer as necessidades das gerações actuais, sem comprometer as gerações futuras.

Por sua vez, o município nas áreas da sua competência deve tomar as rédeas e elaborar programas e projectos com determinações ambientais. Incentivar a participação pública. Só assim poderemos ter a oportunidade de participar neste processo e fortalecer as esperanças para que o desenvolvimento sustentável seja possível.

4 Comments:

  • At 15:04, Anonymous Anónimo said…

    Estou deveras impressionado com o senhor Carlos Monteiro, ele escreve para o jornal Ambiente, para a revista Fórum Ambiente, para os blogs Mirapólis e Mirices, para o jornal da Gândara, já li um artigo de opinião seu, no jornal Público e para minha surpresa ouvi uma entrevista sua numa rádio de Aveiro, sobre formação técnica profissional.
    Afinal onde andou o senhor escondido tanto tempo, que ninguém lhe conhecia esses atributos?
    Porque razão escondeu tantos conhecimentos ambientais, se o objectivo é divulgar?
    O que pretende realmente com esta explosão literária? Será aquilo que eu penso? Olhe que ainda vai ter que escrever muito, porque ainda falta bastante tempo.

    Senhor Rua, espero que não censure o meu post, como fez o senhor administrador do Mirices.

     
  • At 08:36, Anonymous Anónimo said…

    hoje e como sempre o processo de desenvolvimento sempre foi desejado sustentavel... O novo discurso da sustentabilidade nao traz nada de novo a nao ser alertar para coisas esquecidas...

    O desenvolvimento sustentavel pressupoe 4 pilares essenciais:
    1- Economia... as coisas tem de ter sustentabiliadade economica. Por aqui comecamos a perceber porque a visao demasiado fechada de alguns circulos ambientalistas e pouco adequada e ate contraditoria ao fim que se pretende atingir

    2- Ambiente... A exploracao dos recursos nao pode significara sua destruicao e os equlibrios devem ser mantidos ao maximo. Aqui tem residido as deficientes intervencoes e preocupacoes de algum poder local... O segredo esta de facto nos nossos recursos

    3- Social... preocupacao propria dos regimes democraticos onde a distibuicao equitativa ou pelo menos o mais justa e solidaria possivel, deve ser tida em conta.... Neste ponto julgo que nem vale a pena falar seja que nivel de poder for...

    4- Participacao Civica e aqui estamos todos num processo de aprendizagem... pressupoe podermos participar, saber opinar e estar informado ma acima de tudo saber ouvir... Este e o desafio que hoje de uma forma mais evidente se trava mesmo ao nivel do poder local...

    Para finalizar deixo 2 provocacoes:
    Para sustentar o desenvolvimento sustentavel precisamos de projectos publicos ou empresariais que deem LUCRO...

    Para todos nos envolvermos mais precisamso de construir uma cultura civica mais forte que va muito alem do tradicional - Tu es do PS nao prestas ou nao pensas - Tu es do PSD nao vales nada e es burro - Tu nao es nem de um nem do outro, nao contas - Efectivamente trata-se de uma questao de educacao civica e ate de intelegencia social...

     
  • At 18:14, Anonymous Anónimo said…

    CAROS MIRENSES:

    BOAS NOTÍCIAS.

    AS DECISÕES POLÍTICAS DOS GOVERNOS NÃO SÃO TODAS MÁS, EMBORA ESTE, NOS ÚLTIMOS TEMPOS TEM FEITO UM "ATAQUE" A TODOS OS TRABALHADORES E PENSIONISTAS.

    É IMPOSTO, MAIS IMPOSTO,......SCUT MAIS SCUT,......

    MAS...VAMOS AO QUE INTERESSA.

    VAMOS TER RECINTO DESPORTIVO RELVADO.

    É ISTO O QUE CONSTA NO ORÇAMENTO GERAL DO ESTADO PARA 2007 AO ASSUMIR-SE QUE TODOS OS MUNICÍPIOS SEM RECINTO RELVADO IRÃO SER DOTADOS DO MESMO.

    SÃO CERCA DE OITENTA.

    TALVEZ O PUDESSEMOS JÁ TER OU QUASE, MAS....MAIS VALE TARDE QUE NUNCA.

    ASSIM, "MOVIMENTO PRÓ ALA-ARRIBA" VÃO EM FRENTE QUE OS NOSSOS JOVENS PASSARÃO A TER BOAS CONDIÇÕES E DIGNIDADE PARA A PRÁTICA DESPORTIVA.

    ASSIM ESPERO !

    PARECE FORA DO CONTEXTO ESTA INTERVENÇÃO NESTE BLOG.

    OLHEM QUE NÃO!

    ISTO É DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL......POR ISSO VAMOS PAGAR SCUTS.

    José Frade

     
  • At 20:33, Anonymous Anónimo said…

    porque e que segundo a voz de mira a pescanova vai ocupar 89ha e a cm mira pretende desafectar 206ha,gostava de saber par quem são os restantes 117ha,e o preço sera asiim um grande negócio vender tamanha área a E2.50 o metro quadrado, e nós população podemos comprar algum terreno a esse preço?

     

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