Modernidades, Orçamento e Novas Tecnologias

opinião de

João Rua

1. Gosto imenso de brincar e de levar as coisas sem o peso institucional que torna tudo demasiado cinzento e pesado e que inibem as pessoas de apresentarem pontos de vista diferentes… é verdade, gosto. Mas há coisas que devem estar sempre presente, mesmo acima de todas as legalidades. Seriedade e responsabilidade.

2. Sendo vereador sem pelouro, estando as reuniões de Câmara agendadas para as segundas e quartas feiras de cada mês (presumo para cada um dos vereadores poder programar as suas vidas …) é estranho receber um “e-mail convocatória “ para uma reunião extraordinária para analisar e discutir, imaginem só, o Orçamento!....

3. Se o Executivo não consegue preparar o Orçamento de forma a enquadrar a discussão numa reunião ordinária então consegue fazer o quê? Provavelmente entende que não é um documento com importância, ou tão pouco lhe dispensou a atenção que merece ou ainda, muito menos está interessado em ouvir opiniões sobre as opções que considerou… É pena… e é pobre…

4. O e-mail que vos falei, provavelmente é tão ou ainda mais extraordinário que a própria reunião já de si extraordinária. Enviar por e-mail os elementos para a reunião é uma demonstração de modernidade e de enquadramento face aos novos tempos. É. E até concordo, aceito e defendo que assim seja. Facilita a comunicação e torna tudo mais rápido. Mas também responsabiliza.

5. Mas também podemos questionar que níveis ou preocupações de seriedade e de responsabilidade existe num e-mail:

- Enviado a 04 de Dezembro de 2007 pelas 12:24 pm (quer dizer meio da tarde do dia 4, terça feira, mais precisamente à hora do almoço…) com elementos para serem analisados e discutidos numa Reunião Extraordinária para o dia 06 do mesmo mês e do mesmo ano (quer dizer quinta feira às 14:00 horas…)?

- Que sugere uma reunião extraordinária sem que haja qualquer assunto que mereça essa classificação: Extraordinário. É que não me parece que o Orçamento o seja… É óbvio que em qualquer gestão o Orçamento é um elementos central e fundamental.

- Que integra 9 ficheiros e nenhum deles é sobre qualquer explicação, por mais breve que fosse, das razões que motivaram a necessidade de nos reunirmos extraordinariamente

- Que desses 9 ficheiros referidos, 8 perfazem 104 páginas e um outro “Proposta regulamento taxas licenças 20082.docm” nem sequer abre…

6. Mas que raio de democracia participativa é esta? Já percebi que o nível de debate não interessa muito, já percebi que às reuniões vão mesmo aquelas coisas que vão porque vão e nos fazem fazer pensar que fazem sentido haver reuniões de Câmara… sei essas coisas todas e aceito-as… embora discorde totalmente. Traduzem formas de ver e exercer a política municipal, paradas e ultrapassadas no tempo. Respeito esta forma de “ver” a política mas não me revejo nem quero ter nada a ver com ela.

7. Quanto à Reunião, é evidente que não compareci…

8. Quanto ao orçamento é o que é… é fraco

9. Quanto a tudo isto é mau de mais para perdemos demasiado tempo. Fica o registo e fica o desafio a quem quer que leia estas linhas. No mínimo pense sobre o sentido do poder local de hoje e sobre as capacidades, competências e formas de actuar dos Executivos… Se é isto que queremos, óptimo… se não é, acreditem, poderemos fazer muita coisa…

10. Quanto a mim, acho que já não tenho nem paciência nem sequer pachorra para aturar jogos, fintas, birras e birrinhas. Se e quando quiserem discutir seriamente e abertamente, contem comigo. Estive, estou e estarei sempre disponível. Não o querendo só peço que não me macem muito… e não é assim tão difícil. Basta evitar mandarem-me e-mail deste tipo… Mas não é uma forma de desconsiderarem a instituição “Sessão de Câmara”… apesar da famosa máxima “foram cumpridos todos os preceitos legais”

11. Até lá, que o Executivo fique com o Orçamento, que faça a sua gestão, que revele o) seu génio… mas nas horas vagas de tão esforçada missão, peço-vos, encarecidamente, reflictam sobre a dimensão do envolvimento democrático e cívico na discussão…

12. E claro, peço-vos ainda desculpa se por causa desta minha forma de pensar e analisar as coisas, pelo que parece desajustada aos tempos modernos, fiz alguma análise própria dos anos da Grécia Antiga ou coisa que se pareça…

13. E vamos continuar a considerar e a tratar do Concelho assim?