Mirela e Vacas Pintadas
João Rua
Não temos a dimensão, a visibilidade e importância que Lisboa tem, nem tão pouco a capacidade de atracção que esta cidade exerce sobre o turista e os visitantes, mas temos pelo menos sazonalmente, fluxos interessantes de gente …
Não temos espaços públicos qualificados e atractivos como Lisboa nos oferece, mas temos algumas praças, largos e até uma marginal junto ao mar...
Não temos a vida e animação cultural que Lisboa tem, muito menos demonstramos sequer o interesse por manifestações de expressão cultural própria dos grandes centros urbanos… longe disso… mas podemos à nossa escala ser diferentes…de Lisboa e dos outros…
Não temos expressão para atrair ou provocar acontecimentos como Lisboa tem… somos geográfica e administrativamente minúsculos… mas nada nos impede de inventá-los…
Não temos capacidade de olhar para um conjunto de vacas pintadas, sorrir e ver nisso uma forma de expressão, uma forma de arte urbana… que ajuda a diferenciar, a animar os sítios e a reforçar uma Imagem de um lugar… provavelmente porque ainda não sentimos a necessidade de ter espaços públicos qualificados… Não temos essa capacidade mas podemos desenvolvê-la…
Quem percorre Lisboa não fica indiferente aos seus espaços públicos e aos seus novos “habitantes”… é com um certo orgulho e entusiasmo que lisboetas, taxistas, turistas e curiosos falam das vacas pintadas, das que estão e das que já foram roubadas, das mais bonitas e das que merecem a atenção de maior número de turistas e máquinas fotográficas… a cidade ganhou uma nova vida e um novo interesse…
Eu, percorrendo Lisboa e observando tais cenários, tão invulgares quanto interessantes, não deixei de pensar na MIRELA e do que esta poderia representar para a afirmação da imagem de Mira…no cento da Vila, na Praia assinalando a entrada e a saída e animando a marginal, nos largos e nas Praças dos principais lugares…
Pode parecer estranho, mas com imaginação, criatividade e algum arrojo podemos conseguir algo diferente. Não acham ?