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domingo, fevereiro 26, 2006

Teatros Políticos







Texto de
António Jorge Menezes
(Título imagem: ciência política)

“Tantas são as peças e mais os actores …não tantas e tantos vistos e devidamente apreciados como gostaria …” recordei sorrindo ao reler o artigo do João Rua (Jantar de Idiotas e Sessão de Câmara) agora publicado no Jornal “ O Gandarez “ e retirado do Blog www.mirapolis.blogspot.com

Globosfera chamou-lhe o Veríssimo no “Jornal da Gândara”! Certamente bem pensado se intuirmos o fosso existente entre a ingenuidade daquele que acredita numa CULTURA POLÍTICA de PARTICIPAÇÃO e depara com a realidade, muitas vezes, demasiadas diria, vazia, num palco real / local.

È claro que a democratização de meios potencia a utilização dos mesmos abrindo a cada ser pensante um espaço de opinião e de crítica, recorrendo a tons e conteúdos de discurso só por cada um escolhidos e que reflectem, com toda a certeza, o sentimento ou a personalidade de quem o escreve. È um direito e por vezes um dever – o de opinar, o de reflectir, o de provocar assim como o de respeitar e de se auto-responsabilizar.

Pela profissão que exerço e muito pelas relações humanas que tenho mantido, apreendi, por um lado que “ Não devo procurar um culpado, mas sim encontrar um remédio, uma solução! Qualquer pessoa se sabe queixar…” (Henry Ford ); por outro e já implícito, que se um homem não deve ser essencialmente racional, deverá pois reflectir com a razão e falar/ escrever/ actuar também com a emoção mas, sempre, com a objectividade que os “outros” ou o assunto lhe merecem.

Não me espanta, portanto, a teatralidade ocorrida no Palco de qualquer sessão de Câmara ou mesmo a dramatização da escrita de qualquer artigo de opinião. Estamos a viver um tempo de narcisismo e individualismo exacerbados em que, se valoriza Imagens exteriores e não actos. Perde-se a certeza dos valores em favor da superficialidade dos bens materiais adquiridos e expostos para os outros observarem. Perde-se a consciência do que é verdadeiramente importante em favor do que é notícia para os Jornais e restante Imprensa. Se fosse pessimista acreditaria ser este o novo e actual espaço da CULTURA.

Mas não sou, e assim, junto-me ao João Rua mesmo correndo o risco de me situar na Globosfera! Acredito que com Persistência, Consistência de Discurso e Actos, Visão e Ambição Positiva…conseguir-se-á a UTOPIA. Utopia de uma CULTURA POLÍTICA de PARTICIPAÇÃO pluricultural, policromática, reformulando a já velha ideia de Aristóteles de que, da divergência de vivências e opiniões se constrói o equilíbrio. Participação de cada um e de todos onde se possa inflectir a tendência da marcha do Sistema, caminhando e construindo a auto-estrada de uma Democracia madura, deixando de lado o ACESSÓRIO e rumando ao ESSENCIAL! Bora lá…

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Poder Local e Estratégia


Ainda o Poder Local e a
necessidade de Pensamento Estratégico



Reflexão de
Menezes



Em 1998 estiveram em análise diversos livros sobre a Gestão de Organizações na linha do indicado e dos pensamentos de SEGUELA ( Ex. Gestão de Organizações de Sebastião Teixeira ou Gestão Estratégica das Organizações de Luís Cardoso ). Sem dúvida que o SWOT aparece como a 4ª fase da Gestão Estratégica precedida pelo Planeamento Financeiro, o que está por detrás de toda esta bibliografia e o seu interesse ? A necessidade de , para vencer nos negócios no SEC. XXI , PENSAR ESTRATÉGICAMENTE !

A planificação estratégica deverá preceder a execução táctica.È urgente que os actores da cena pública, possuam , cada vez mais, esta capacidade desenvolvida e não questiono aqui a sua formação de base académica ou de experiência feita ( que aliás seria uma matéria deveras interessante a abordar ...) mas a necessidade de se pensar SEMPRE estrategicamente e de FORMA POSITIVA.

E aqui vamos tocar noutra questão central e directamente ligada à anterior que é o facto de ser emergente que para além da quantificação e enquadramento de oportunidades , ameaças, contexto e conhecimento haverá que incluir a vocação de gestão e alavancar factores de MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA das pessoas que, esses sim, levarão ao envolvimento de TODOS os colaboradores da Empresa mesmo que PÚBLICA com um sentido de MISSÃO e de SERVIR a comunidade na verdadeira acessão da palavra servir PUBLICAMENTE.

Ora, tendo como pressupostos estes simples teoremas onde se verifica a sua aplicabilidade na Edilidade de Mira ? Onde se encontra a objectivação e o rumo do seu Plano de Actividades ? Onde se sente o sentido e espírito de Serviço público ? A partilha de valores que envolvam e potenciem a dinâmica permanente de uma gestão estratégica ? Questionaria até onde se encontra um plano de ATENDIMENTO e serviço ao munícipe ?

Não é afinal uma Câmara do Sec. XXI uma verdadeira "empresa de serviços " ? Duas outras obras aconselharia para leitura atenta : Servuction e Mercator ...

PODER LOCAL. O Futuro será o que nós quisermos


Poder Local
O Futuro será o que nós quisermos
Por Paulo Grabriel



"Porque não crio um Conselho Consultivo para o desenvolvimento? Porque não peço ajuda para definir uma ideia para o concelho e tentar por em prática uma política de captação e atracção de empresas, de investimento e de emprego? Porque não penso o desenvolvimento de uma forma global, integrada e sustentada?... Porque não defino um rumo?

Retirei este parágrafo do artigo de João Carlos Rua, "Poder Local. O Futuro tem Futuro?" publicado no Voz de Mira em 16 de Janeiro.

Das sua cinco reflexões que apresentou sobrescrevo-as inteiramente. O João faz, no seu artigo, uma análise concisa dos problemas que atingem os governos municipais, e digo governos porque aquilo que escreveu adapta-se a Mira e a todo o resto.

No entanto houve uma que me chamou a atenção: A criação de um Conselho Consultivo. Pelo que entendi, João Rua defende que, paralelamente à orgânica de um executivo municipal (vereadores em exercício, vereadores da oposição e Assembleia Municipal), deveria haver um Conselho Consultivo onde entrassem os agentes ou os activos da sociedade civil: empresários, animadores culturais, técnicos do ambiente, do urbanismo, associações, etc.

Deveria esse Conselho opinar, apresentar e discutir propostas e quiça, até fiscalizar. Mas sobretudo, promover um compromisso dos agentes políticos que sustentasse um projecto de desenvolvimento para o concelho. Um projecto transversal a qualquer cor política. Na essência, definir um rumo. Criar um pacto com objectivos claros.
O Conselho Consultivo, para mim, e da forma como é sugerido, quase que se confunde com um movimento cívico.
Terá razão de ser? Julgo que sim. A participação cívica não pode ficar somente no acto do voto para eleger um executivo, nem tão pouco em manifestos politico-partidários onde se fazem acusações ( e já cansam) e que não levam a lado nenhum.

"Pensar é preciso. Mudar mentalidades, é indispensável" diz o João Rua a dada altura do seu artigo, e tem toda a razão.

De facto o que faz falta é uma participação cívica mais acentuada, equilibrada e ponderada.
Nós, mirenses, parece que entregamos as decisões a quem elegemos e só nos lembramos de pedir contas ao fim de quatro anos. Durante esse tempo lá nos vamos lamentando por uma decisão errada, dizendo mal da nossa vida e que não havemos de chegar a lado nenhum. E esquecemos por completo que todos nós fazemos parte da construção do futuro colectivo e como tal devemos ser participativos. Esta análise, se estiver errada, não deverá contudo estar muito longe da verdade.

Como é que se promove essa participação cívica? Já existe um instrumento de trabalho ao dispor de todos e pode cumprir essa função visto que assenta nos valores democráticos que todos defendemos. Chama-se Assembleia Municipal e, quanto a mim, assumo desde já, actualmente (se não esteve sempre), está desvalorizada no seu papel e na sua função.

O regimento da Assembleia prestes a ser aprovado permite que os cidadãos, através de uma petição assinada por 50 pessoas, (Capitulo VII, Art. 67º, ponto 7) leve ao plenário a discussão de temas, de problemas ou de situações. Ou aproveitar o "Debate sobre o estado do concelho" que se realiza anualmente (Artg. 24º).

Gostaria de ver entrar na Assembleia Municipal uma petição vinda da sociedade civil em que fosse pedido aos deputados e ao executivo a definição daquilo que querem para o concelho, por exemplo, no que diz respeito ao Turismo, às Zonas Industriais, ao Ambiente, ao Desenvolvimento Económico, etc., etc. Ou seja, perguntar para onde vamos, onde queremos chegar.

Gostaria de ver essas petições discutidas. E gostaria de ver, após encontrados os consensos, a subscrição do documento por todos passando a ser um guia e uma orientação para o poder político, neste caso, para o Poder Local. Era uma forma de responsabilização. Responsabilizava-se a sociedade civil, os deputados da Assembleia Municipal que ali estão para dar o seu melhor assim como o executivo, fosse ou seja ele qual for. Deixaria de haver desculpas. Os erros e os sucessos, a partir daí, seriam de todos.

Termino com alguns exemplos práticos que eventualmente sustentam a tese da criação de um Conselho Consultivo ou de um Movimento Cívico.

O cinema da Praia de Mira foi mandado construir por um executivo e depois foi mandado cancelar as obras por outro, indemnizando o empreiteiro.

O Mercado de Mira foi construído por um executivo, nunca foi posto a funcionar, e foi recentemente mandado demolir por outro executivo para ser feito ali uma creche. Entretanto a creche também não avança.

O Centro Cultural de Mira foi mandado construir por um executivo, fez-se as fundições ou parte delas e parece que agora já ali não vai ser feito, e mais uma vez, prevê-se indemnização ao empreiteiro.

O Estádio Municipal foi mandado fazer por um executivo e agora mandou-se parar as obras por outro executivo.
Só nestes exemplos quantos milhares de euros não foram gastos?

E a culpa é de quem? Dos políticos ou de todos nós que assistimos impávidos e serenos a tudo isto?
É capaz ser uma boa ideia, a do João, de criar um Conselho Consultivo.

JANTAR DE IDIOTAS E SESSÃO DE CÂMARA


Gosto, de vez em quando, de assistir a uma peça de teatro. Lembro-me recentemente de, com um grupo de amigos, termo-nos deslocado propositadamente a Lisboa para assistir à peça "Jantar de Idiotas". E sentir, no final, que valeu a pena. Sabia ao que ía e as minhas expectativas foram totalmente satisfeitas…


Gosto de participar como vereador nas Sessões de Câmara. Ainda tenho presente a última reunião (14 de Fevereiro), para a qual me desloquei, como sempre, entusiasmado. Mas não tardou a sentir-me verdadeiramente no meio de uma encenação que, por mais que tente, não consigo encontrar as palavras certas, para a qualificar ou sequer descrever. Sabia ao que ía mas desta vez, enganei-me redondamente!...

Tenho tentado no meu humilde papel de vereador sem pelouro, discutir assuntos que, sob o meu ponto de vista interessam ao concelho e ao seu desenvolvimento. Com pouco sucesso reconheço. Ou porque é tudo difícil, ou porque não há capacidade financeira, ou porque estamos a estudar os processos… sei lá… há uma imensidão, de e nas, desculpas que me apresentam. Aos poucos têm desmobilizado algum do meu interesse em discutir MIRA. Mas eu resisto, prometo...

No fundo sou só um vereador sem pelouro e a sequência e o interesse das discussões que tenho tentado promover pode, reconheço, resumir-se a qualquer coisa do género: “ Alivia lá a alma e o ego que nós assobiamos para o lado” ou “despacha lá isso porque o que tu pensas não nos interessa lá muito”. Esta tem sido a sensibilidade que tenho registado. Pouca ou nenhuma, sejamos realistas… Mas também não é nenhum drama. Faz parte da tradição da nossa política local... Não há meio termo. Há os Génio e os outros... e eu estou estou do lados dos "outros"...

Pois… mas não é que de repente, uma entrevista da minha colega vereadora Lurdes Mesquita, que optou por um outro registo, de discurso e de conteúdo e, que por isso escolheu um local adequado - um Jornal Local, mais propriamente “ O Gandarez” - fez despertar um súbito interesse local e uma manifestação de sensibilidades feridas por parte dos membros do Executivo ? A mim, confesso, surpreendeu-me !...

Mas mais me surpreendi ainda, quando ao entrar para a sala onde iria decorrer a reunião, para espanto meu, e digo espanto porque mais uma vez a agenda de trabalhos para a reunião estava cheia de coisa nenhuma, deparei com a presença de público e de representantes da Imprensa Local (neste caso, do “Jornal das Gândaras”) !!... Quase que juro que me passou pela cabeça não ter lido a agenda correcta para a reunião e que me tinha escapado algum assunto importante... e logo eu, que tanto vinha reclamando por assuntos importantes ou no mínimo, interessantes, nas agendas das sessões de Câmara...

Estava eu nestas divagações internas e mal refeito de todas estas surpresas e já estava a assistir e a participar, pois claro, como personagem ou figurante, sei lá qual o meu papel, em toda uma encenação, preparada ou não, confesso que não sei (apesar de sentir que sim)… Sei que o papel principal era desempenhado pelo “Executivo com Pelouros”… e bem !... pelo menos o ar dos ditos vereadores era grave e de quem tem assuntos sérios e muito, muito importantes, a discutir..

Bem... eu era, talvez, o mais constrangido de todos com a situação... vai daí não tardou a chamar a tudo aquilo como “politiquice de trazer por casa e que não me prestava a tais papéis” e por isso, num assomo de verdadeiro vereador (podia dar-me para pior ...acho que também assumi um ar de gente séria e que pensa em coisas importantes), resolvi puxar novamente e uma vez mais e, desta vez com um esforço maior de clareza, assuntos de maior interesse para uma discussão. Perguntei:

1- Qual a estratégia para a AIBAP (Incubadora) e qual a Estratégia que a Câmara Municipal defende para a AIBAP?
E propus que a CM promova a elaboração de uma Estratégia de Acção para a AIBAP. Para saber o que quer se é que quer e como se propõe lá chegar. Relembrei que se trata de um investimento significativo e relevante enquadrado nas orientações de política nacional como o Plano Tecnológico e na perspectiva de desenvolvimento defendida a nível europeu, basta olhar para a Agenda de Lisboa e para o enquadramento do próximo QCA 2007-2014. E basta ver o dinamismo de concelhos vizinhos. E deixei 4 recortes de jornal com outras tantas notícias sobre: Biocant e Cantanhede; Fábrica de Pilhas e Parque Cultural em Montemor e Vacinas da Gripe e Condeixa…

2- Como está pensado o lançamento do projecto do Golfe e que condições salvaguardam o interesse público aquando da elaboração do Plano de Pormenor. Quais as bases que sustentam o preço lançado e que salvaguardas a nível de custos futuros foram tomadas por exemplo envolvendo as questões da manutenção futura das infraestruturas e dos equipamentos …. E solicitei cópia do Programa da Hasta Pública.

3- E para não ser demasiado chato, perguntei também sobre que compromissos afinal existem para o Pólo II ? O que está livre e o que pode ainda ser utilizável? Que terrenos, que empresas e que pessoas envolvem? E solicitei informação sobre compromissos e sobre a estratégia de Execução e Ocupação da Zona.

Bem… achava eu que eram bons temas (burro sou eu !... Quem manda acreditar no Pai Natal ?) ...mas já fui sem grandes ilusões... não era dia para esse tipo de questões. Pareceu-me. Mas não era hoje como não foi em nenhum dos outros dias... Pelo menos estava lá a comunicação social que certamente falará no assunto e ajudará as pessoas de Mira a pensar… Já não foi mau…

O resultado de tudo isto ou a moral da história ?

Eu continuo a pensar que todos temos o direito de expressar opinião como também, de expressar indignação… nos lugares próprios, nos tempos certos… agora fazer duma sessão de câmara o espectáculo a que assisti e pela inerência do cargo participei, é triste e estranho e só pode resultar no seguinte:

1- Um maior e mais intenso interesse pela entrevista que agora todos querem ler (e devem ler…mal certamente não faz e no mínimo, faz pensar...)

2- Uma procura que se adivinha, certamente cheia de curiosidade, pela acta da referida sessão, provavelmente assim que ela estiver disponível (deveria ser publicada depois de devidamente encadernada...digo eu, mas não tenho a certeza...)

3- Uma expectativa pelos conclusões e comentários da imprensa local sobre a reunião (quase de certeza que dará relevo ás grandes questões do desenvolvimento municipal...)

4- E pior que tudo isso, um descrédito da política municipal, que reconheçamos, nos dias de hoje, já não é muito... e leva-nos quase a aceitar como natural um certo conformismo: "Isto é assim e nada podemos fazer senão esperar por melhores tempos... e não temos nada com isto " Mas temos !... e, acreditem, não apenas de 4 em 4 anos !...

Podem acreditar também: já me passou pela cabeça, pegar na dita entrevista, na acta e nos artigos e comentários, directos ou indirectos, que certamente vão preencher algum espaço na comunicação social local e organizar e publicar um livro. Quase que aposto: Seria um Best Seller Local !... e Talvez me entusiasmasse tanto quanto o Jantar de Idiotas me entusiasmou e, certamente, muito mais que sessões de câmara como aquela, em que eu, infelizmente, também estive presente.

Pois é meus amigos, é isto a discussão política do meu concelho, num órgão de excelência. E, passe o pleonasmo, muito sensível anda a sensibilidade de quem tem, por mérito sim senhor, mas também por obrigação, de gerir o que é público e o que é de MIRA. Começo a entender… Começar a perceber… E sinto que nunca me vou habituar…muito menos, algum dia aceitar…


Nota
Os votos dão legitimidade… os votos garantem até o direito a lugar num quadro devidamente emuldurado no Salão Nobre dos Paços do Concelho e a uma ou outra referência em placas de inauguração… mas infelizmente, os votos, as fotos para a posterioridade e as placas, por si só, não significam nem traduzem, directa e obrigatoriamente, capacidade e competência… É preciso espírito aberto e "capacidade de ver mais longe"... Sensibilidade e Bom Senso...

...Bora lá !... Vamos ao trabalhar !... Vamos ao ESSENCIAL e deixar de lado o ACESSÓRIO !...

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

PARQUE OU NÃO PARQUE ?




Sensibilidades

Preservar e proteger não é colocar redomas como o Principezinho fazia para proteger a sua flor ("O Principezinho" de Antoine de Saint-Exupéry) .
Preserva e proteger, de acordo com os modernos e actuais conceitos de protecção e conservação da Natureza, é também usufruir.

Ideias e Realidades

O Pinhal da Gândara tem cerca de 80 anos e integra aproximadamente 52 hectares. Faz parte de um imenso património municipal como também faz parte da história e da memória do nosso concelho.

Não envergonha, não desrespeita nem tão pouco desconsidera a nobreza de nenhum Pinhal o convívio com um Parque Desportivo e de Lazer. Antes pelo contrário. É um acto de reconhecimento do seu papel público e de desempenho de um papel central na vida do concelho.

O Projecto pensado para o Pinhal da Gândara tem uma lógica e um sentido que se enquadram perfeitamente numa estratégia de qualificação do concelho e da sua capacidade de atracção e de proporcionar excelentes condições para o usufruto de espaços agradáveis. É também assim que aos poucos vamos reforçando a tão desejada importância que todos afirmam que o Turismo tem no desenvolvimento.

O Projecto enquadra o desenvolvimento de um Pólo de Lazer que não existe no concelho. Um Pólo com dimensão, com espaços agradáveis, com espaços informais e acima de tudo, com qualidade paisagística e funcional. Tudo isto, desenvolvendo e qualificando uma zona onde já hoje existem elementos que, com imenso respeito pelo serviço que prestam e pelos prazeres que nos proporcionam, está longe de uma qualificação paisagística e urbanística, agradável.

Sítios e Lugares

A Localização também não é uma qualquer. O eixo Portomar-Praia será sempre em qualquer estratégia de desenvolvimento turístico, um eixo essencial. É evidente a excelência da localização do Pinhal da Gândara face ao aglomerado de Portomar como também a dimensão significativa da área. Tais características tornam-na única para a concretização do projecto desejado. A relação da zona com as novas acessibilidades, nomeadamente com o acesso á Praia de Mira e com projectos estruturantes como o caso do Arranjo do Espaço da Feira de Portomar ou o Pavilhão do “Domus Nostra” reforçam a importância deste espaço para a afirmação de um dos principais aglomerados do concelho. Portomar é já hoje um centro. E tem condições para acentuar mais ainda a sua importância como Lugar atractivo e agradável no nosso concelho.

Projectos

E em concreto o que é afinal o Parque Desportivo e de Lazer Municipal? Imaginem que em cerca de 40 % da área do actual Pinhal da Gãndara se instala um Estádio de Futebol, uma Pista de Atletismo, um edifício de apoio com Heath Club, Bar e restaurante, campos de Ténis, percursos e pistas pedonais que permitam o uso de patins ou bicicletas, de espaços tratados e arborizados que permitam o repouso, de espaços desportivos informais que possibilitem lançar bolas aos cestos de basket, bater bolar de Ténis, jogar mini-golfe, dar uns pontapés na bola, correr… circuitos de manutenção, e mesmo um Parque temático com equipamentos de Lazer e de diversão, desde o skate, aos jardins infantis… Resumindo um centro de Lazer, com múltiplas actividades e oportunidades integradas e complementares, que permitam a pais, filhos e avós, o uso simultâneo do espaço. Um espaço que não existe no concelho e provavelmente não existe na região. E mais ainda, o Projecta reserva pelo menos a ideia para se pensar numa Central de Compostagem!... Para andarmos à frente é evidente que temos de dar passos largos.

A Ideia de Pinhal tão pouco será perdida, pois as intervenções programadas como a Zona Desportiva ou mesmo o Parque de Lazer terão uma relação directa com as áreas de Pinhal através das suas áreas verdes e percursos. A ideia central é manter a leitura de Pinhal como uma área homogénea. Toda a proposta apoia-se num eixo (ligação Portomar Praia) que actualmente divide o Pinhal da Gândara em dois sectores. Será este eixo o elemento de ligação e interligação entre os diferentes projectos.

A Desafectação

Em síntese, o documento que sustentou a desafectação do Regime Florestal de parte do Pinhal da Gândara, expressa, tal como o próprio decreto de desafectação publicado no Diário da República, os seguintes usos:
Parque Desportivo (20 % da área do Pinhal) A confinar com o limite do Largo da Feira de Portomar, a zona desportiva deverá ser composta por: estádio Municipal; campos de ténis; circuito de manutenção, balneários, bar, outras estruturas de apoio enquadráveis nesta zona. Apenas serão abatidos os pinheiros estritamente necessários para a implantação das estruturas e os que apresentem mau estado sanitário.
Zona Verde Tampão (5 %) Na envolvente de todas as zonas propostas, serão introduzidas novas espécies arbóreas ornamentais, com o objectivo de compartimentar a paisagem urbanizada, aumentar a biodiversidade local e minimizar o efeito do abate parcial do pinhal. Os pinheiros que apresentem bom estado sanitário deverão ser mantidos.
Zona de Parques de Lazer e Recreio (2,5 %) No limite do Largo da Feira de Portomar, será criado um parque de lazer de uso múltiplo, composto por: zona de merendas, zona de parque infantil/juvenil e jardim temático. Serão apenas abatidos os pinheiros que apresentem mau estado sanitário e serão introduzidas novas espécies arbóreas ornamentais, folhosas, no sentido de valorizar a paisagem e a ecológica, associada a um aumento de bio diversidade local.
Central de Compostagem (5 %) Os resíduos de exploração florestal devidamente estilhaçados, a folhada, os resíduos provenientes de cortes de relvados, bem como outros resíduos orgânicos que se enquadrem com a produção de composto serão valorizados através da formação de substrato orgânico para utilizar na melhoria das propriedades do solo. A central de compostagem deverá localizar-se no interior do pinhal, afastado da zona urbana. Deve ser composta por uma zona para produção de pilhas de composto, armazém de apoio e demais estruturas de apoio enquadráveis com o objectivo.
Bolsa de Terrenos (10 %) Esta zona será reservada para expansão urbana e deverá localizar-se em zona contígua ao urbano existente. Apenas serão abatidos os pinheiros estritamente necessários para a implantação das estruturas e os que apresentem mau estado sanitário. Serão introduzidas novas espécies arbóreas ornamentais, com o objectivo de compartimentar a paisagem urbanizada.
Zona de Pinhal a renovar e manter (57,5 %) O Pinhal da Gândara caminha para a caducidade. Será necessário proceder ao corte final por manchas neste povoamento, salvaguardando as árvores saudáveis e bem conformadas para que se processe a regeneração natural. Deve ainda ser salvaguardadas os corredores arborizados ao longo das estradas e caminhos, numa faixa de, pelo menos, 10 metros de largura.


Equilíbrios

Já ouvi alguns argumentos contra outros a favor do Projecto para o Pinhal da Gândara. Sinceramente, não sei quais os respectivos pesos. Pessoalmente, continuo a acreditar, como em tudo na vida, no valor dos "equilíbrios". E os “meus equilíbrios” dizem-me que as vantagens dos interesses públicos deste projecto, superam em muito, os necessários custos de apropriação privada. Leio-o as coisas assim:

1- Não se trata de uma acção de delapidação de património. Trata-se de proteger património e valorizá-lo !... Apenas 10% da área do actual Pinhal será “privatizada num uso urbano residencial”. Este custo real de alienação de património é pouco significativo se, comparado ao também real ganho, em disponibilização de espaço público qualificado para usufruto dos mirenses.

2- Os argumentos dos custos e do investimento necessário, na minha opinião, não fazem qualquer sentido. São precisamente esses 10% de área a afectar a um uso urbano residencial que possibilitarão a uma gestão pública municipal, desenvolver e concretizar o projecto ou a ideia, sem custos!... Mais, talvez mesmo realizar o projecto obtendo ganhos financeiros (leia-se lucro). É só fazer as contas…

Para garantir um maior equilíbrio ainda e, uma redobrada atenção na defesa do interesse e dos bens públicos, tem a Autarquia à sua dis
ponibilização a figura das Parcerias Público Privada ( ver http://www.iapmei.pt/iapmei-leg-03.php?lei=1720 )


Bom Senso (se é que o Senso se pode qualificar…)

O anterior "Executivo Maduro", pensou e iniciou o projecto e o processo. Negociou junto da Direcção Geral de Florestas e garantiu as necessárias desafectações do Regime Florestal. Preparou os projectos e os respectivos concursos. A adjudicou a Execução do relvado em Maio de 2005 e lançou o concurso para a execução da 2ª.Fase. Deu pois, um sinal de determinação e de dinâmica.

E acabou, via resultados eleitorais, por lançar um desafio ao novo "Executivo Reigota". Um bom desafio, diga-se !... Concretizar um Projecto Sustentado e Sustentável. Quer isso dizer, uma ideia e uma forma de dizer como ela se concretiza e se financia. Criar novas infraestrutras no concelho que ofereçam o que os nossos concelhos vizinhos, não podem ou não têm, capacidade de oferecer...

Numa lógica de Interesse Público Municipal, enquadrada numa gestão responsável de tudo o que é Público, é evidente que só posso esperar:

1- Que as ideias não tenham dono e que os esforços de todos sejam sempre para o mesmo lado: o lado de MIRA.

2- Que se exerça a análise crítica na melhoria das ideias e no desenvolvimento de ideias novas, mas que não vivamos sempre de recomeços... nem num mundo a preto e branco. A continuidade dos projectos e das ideias, é essencial !...

Assim, do actual "Executivo Reigota", espero análise crítica no desenvolvimento do projecto, melhorando-o onde ele pode ser melhorado e capacidade de “concretizar coisas” . Pela minha parte, estarei como sempre estive, disponível, para colaborar no que me for solicitado e no que a minha capacidade me permitir, como aliás, penso, estará disponível qualquer mirense.

Dúvida ou angústia?

No entanto diz-me a intuição e alguns amigos também, para não ser demasiado optimista. É que, nestas coisas da gestão municipal, ás vezes, mas muitas vezes, ás vezes, é preciso coragem para resistir à doce e fácil tentação de "se ser tão pequeno " ...


ps
Há lugares que compensam o seu isolamento e sua insuficiência de recursos atractivos, com a capacidade de pensar, de criar, de sonhar e de realizar, das suas gentes e dos seus gestores. Praia em Castanheira de Pera ?!... Pois é... " A necessidade aguça o engenho"....
http://www.cm-castanheiradepera.pt/castanheira_de_pera/praia_das_rocas.htm

terça-feira, fevereiro 07, 2006

OS VIZINHOS NÃO DORMEM...