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terça-feira, julho 24, 2007

Estradas...







Opinião de
João Rua

Variante a Mira e A-17. Sem colocar em causa, antes até, sem deixar de elogiar a actuação do Executivo na gestão destes dois projectos, convém lembrar alguns outros passos essenciais.

A Variante a Mira foi pensada na lógica de um Plano Rodoviário Municipal. Deste plano constavam ainda as circulares Norte e Sul, que garantiam um melhor acesso à Praia de Mira e um conjunto de outras vias estruturantes e estruturadoras do modelo territorial do Concelho. Tudo tinha um sentido e um objectivo. Tudo havia sido previamente pensado e estruturado. Tudo se encontra no Plano Director Municipal, do início dos anos 90, e ainda hoje em vigor.

Neste mesmo Plano Director, já consta o traçado indicativo, do que é e será num futuro próximo, a A-17. Na altura designado por IC-1, teve também fortes discussões com as Entidades envolvidas no acompanhamento desse Plano, para assegurar a localização dos 3 nós essenciais ao Concelho. Já desde essa altura, a A-17 era uma obra e um projecto da Administração Central. Mais uma vez, o Plano Director Municipal assinala e representa essa intenção, da via e dos respectivos nós essenciais a Mira, como também expressa e esboça o modelo de novas acessibilidades necessárias criar para o resto do concelho. A circular Nascente e o acesso ao Montalvo eram e continuam a ser prioritárias.

A mensagem que retiro daqui é que, a preceder qualquer obra existe sempre uma capacidade de pensar e estruturar o futuro. Fizeram-no e bem anteriores executivos. E não foi há tanto tempo assim. Rocha de Almeida, Fernando Moutinho e Lícinio Cruz eram o Executivo com Pelouros na altura.

É evidente que depois vem o esforço e a energia necessárias à garantia de execução dessas obras. E mais uma vez, fizeram-no e bem os Executivos de João Reigota (negociou e executou o primeiro troço) e do Mário Maduro (negociou com a Administração central a execução da segunda fase sem qualquer custo financeiro directo para o município de Mira).

Hoje as obras estão no terreno e a tentação da sua apropriação é tão irresistível quanto evidente. É um reflexo da sociedade em que vivemos. Interessa o imediato. Interessa é cortar a fita. Seja lá de quem for a responsabilidade ou o envolvimento. Seja lá de quem for ou de quem tinha sido, a capacidade de pensar e de ver mais além...

E quando assim é, corremos o risco de termos obras sem sabermos o que fazer com elas. Quero dizer com isto que tendo já a A-17 e um nó às portas do Concelho, podendo ter a curto prazo a Variante a Mira e o resto da A-17 com mais “nós”, é incompreensível não se ter uma estratégia de desenvolvimento sustentada e coerente. Basta olhar para a Zona Industrial, mesmo ali ao lado de um nó de Auto-estrada e ver o aspecto e a atenção que lhe é dispensada.

terça-feira, julho 10, 2007

A margem que separa a realidade de um futuro risonho é cada vez mais longa



Opinião de
Carlos Monteiro




Sinceramente cheguei á conclusão de que não tenho perfil para ser político. Acho que outros cidadãos desempenham melhor esse papel do que eu. Os cidadãos deveriam ficar desconfiados dos políticos que têm soluções para tudo. Temos de saber exigir que os políticos de agora, a qualquer nível, sejam coerentes e sérios, antes de mais consigo mesmo e com as suas próprias atitudes. A opinião de um político vale o mesmo que a de um outro qualquer cidadão, nem vale mais, nem menos. É por isso que na política surgem cada vez mais "trepadeiras", ou seja, "os que se põem a jeito", os que estão sempre de acordo com tudo e com todos, principalmente com os seus "líderes"...

Sou Deputado Municipal, porque para isso fui convidado. Não tinha essa ambição porque não me agradava a ideia de exercer funções de carácter político. Nunca deixei de fazer o que acho que devo fazer. Sempre defendi as minhas razões até me demonstrarem que não as tenho. Não me calo nem dou a razão a outros só para fazer jeito ou daí tirar proveito. Sei que não tenho um feitio fácil, mas procuro ser íntegro e isso dá-me uma grande tranquilidade e paz de espírito.

No que toca à minha terrinha, vou dizendo o que sinto e o que muitos outros sentem! E se o faço é porque tenho esperança que as minhas “mensagens” cheguem “aos ouvidos dos autarcas”!
Li algures alguém que dizia que Saudade “é aquilo que não foi mas podia ter sido”... Pois é exactamente isto que eu não quero que aconteça na Praia de Mira nos próximos anos. “ aquilo que podia ter sido e não foi...”.

É com enorme magoa que olho para o futuro da minha terra, não devido ao típico pessimismo português, mas sim pelo facto de ver e conhecer a realidade. A minha terra é uma pacata vila, onde se pode gozar de uma qualidade de vida invejável, mas infelizmente isso não basta para que a nossa Praia sobreviva a um futuro que pode ser muito negro se não existir uma verdadeira vontade de mudar, por parte dos políticos que elegemos.

Mas, não há estados de graça que sempre durem, nem pecados que nunca acabem...
Os sinais de descontentamento da população da Praia, primeiro timidamente, agora já mais ruidosos, começam a emergir: Só poderia ser assim... tal é a dimensão do abandono!...
No Parque de Merendas o «desmazelo é completo»: imundo, mesas e bancos degradados, moscas em bandos e árvores completamente secas ou com ramos podres...o elevado estado de degradação destes espaços continua na pista ciclo-pedonal à volta da barrinha; passeios destruídos e por fazer; um esgoto a correr a céu aberto na vala das lavadeiras; as passadeiras para peões mal se vêm; os equipamentos urbanos estão obsoletos; as ruas não são limpas; na barrinha continua a produtividade acelerada que advém da eutrofização, o que produz fortes impactos ao nível da saúde pública. Enfim, a Praia tornou-se mesmo um local pouco acolhedor para aqueles que a visitam.

A Praia de Mira não pode viver só de Pescanova, por isso exigimos que nos seja mostrado o trabalho que a Câmara tem feito, ao longo de décadas, no domínio do Turismo.
A Câmara já teve tempo de sobra para, pelo menos, elaborar um plano estratégico de desenvolvimento turístico, com uma avaliação e actualização em função das nossas realidades e dinâmicas locais. No concelho isso seria importante não só pelo imenso património natural existente, tão mal aproveitado, mas também pela possibilidade de dispersar por todo o concelho equipamentos com fins económicos diversos. Poderíamos assim ser um destino turístico permanente e de qualidade, onde o turismo seria um bom pretexto para a dinamização de outras actividades.

Será que entre tantos ‘empregos’ criados, não se arranjou um para alguém, que minimamente percebesse de turismo?

A Praia de Mira é uma vila falhada, à espera de um projecto com visão.Não podemos ficar indiferentes...o cenário é preocupante! Cada dia que passa, aumentam os riscos futuros. Ou preferimos ouvir antes o som melodioso das harpas que enganam o pagode?
É tempo de puxar pela imaginação, para garantir que o futuro um dia possa aqui acontecer.