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quinta-feira, dezembro 14, 2006

Turismo Natural ou Viveiro Artificial ?



Opinião de

Licínio Patarra

“Small is beautiful”
Schumacher


Desde meninos fomos fadados para o gigantismo. Lembram-se, por exemplo daquele país minúsculo, à beira-mar plantado, que tão afincadamente, e em bicos dos pés tentava mostrar a grandiosidade de um império, que não passava já de uma caricatura desde os tempos do encoberto. Lembram-se que na escola nos ensinavam só o tamanho do Brasil, de Angola, da Serra da Estrela, do rio Tejo, de Lisboa e do Porto? Mesmo hoje pensam que a imprensa perde tempo a falar ou a escrever sobre o Gil Vicente ou do Belenenses ou sobre o Estádio dos Arcos ou José Bento Pessoa? Não, fala-se do Benfica, do Porto, da Catedral da Luz ou do Dragão.


O culto do gigantismo está assim profundamente arreigado na nossa mentalidade, deitando raízes na nossa e noutras culturas. Mesmo os nossos grandes chefes desejam marcar a sua passagem pelo poder com realizações grandiosas.


Naturalmente que tudo isto tem custos. Em economia há uma lei que se estuda logo nos primórdios daquele curso. É a Lei de Economia de Escala. De acordo com esta Lei, os custos evoluem na razão inversa da dimensão da empresa ou seja, quanto maior é a empresa, menores são os custos e daí ser mais barato e competitivo o preço final do produto. Tudo isto seria positivo, se viesse beneficiar o consumidor final. Mas não, por exemplo a nível ecológico, quando com a sede dos baixos custos se ultrapassam os limites de danos aparecem graves efeitos: peixes mortos nos rios, ar irrespirável nas cidades, efeito estufa… Neste campo, os danos aumentam em progressão geométrica ou exponencial, quando a dimensão da empresa ou da população só aumenta aritmeticamente.


Nos últimos anos originou-se o desaparecimento de milhares de explorações agrícolas. No entanto, uma pocilga com 5000 porcos ou uma vacaria com 500 vacas poluem muito mais que 5000 porcos ou 500 vacas tratados a nível de individual em empresas familiares.


Vem isto a propósito do controverso empreendimento da Pesca Nova a colocar em laboração na Praia de Mira, decisão melindrosa que mereceria alguma atenção, enquanto é tempo fazê-lo. Uma decisão deste teor não deve ficar-se por um único gabinete de estudo seja ele privado ou estadual. É necessário que mesmo os particulares e as respectivas associações possam dispor de todas as informações para, se assim o entenderem, apresentarem contra-projectos. A par de um pluralismo político deveria ser possível existir este pluralismo tecnológico, que ainda não tem grande implementação.


Um empreendimento deste género sai de todos os cânones até agora estabelecidos para a Praia de Mira. É melhor pensá-lo e repensá-lo, pois um dia destes todos poderemos pôr as mãos à cabeça e interrogarmo-nos onde tínhamos a mesma quando tomamos semelhante decisão.


Há medidas económicas que gulosamente nos são oferecidas de bandeja, quando outros, por alguma razão não as aceitaram.

Quando a esmola é grande o melhor mesmo é desconfiar. Não vamos nós matar a nossa galinha dos ovos de ouro.

5 Comments:

  • At 22:39, Anonymous Anónimo said…

    Sim senhor, direitinho ao que referi num post no texto anterior deste blog...

    Ainda bem que a boa hora surgiu mais alguém

    Podemos saber mais nesse imenso mundo web...está à distancia de um clic!

    LP


    Informem se informem nos

     
  • At 13:44, Anonymous Anónimo said…

    ATENÇAO MIRENSES
    CUIDADO COM OS PROFETAS DO EMPREGO
    MUITOS DOS QUE DEFENDEM A PESCANOVA JA TEM TAXO PROMETIDO

     
  • At 14:04, Anonymous Anónimo said…

    Também sou da opinião que não se deve fazer nada em relação a Pescanova, vamos deixar tudo como esta, já que temos a tal Galinha de Ovos de Ouro (nunca os vi), e esperar que eles ecludam, valha-me Deus. Um Bom Natal para todos, em especial, para Mira.

     
  • At 12:25, Anonymous Anónimo said…

    E não é que a Pescanova vai mesmo para a frente ??? Dá-me um gozo do caraças não ser uma obra virtual como as do Executivo Maduro... Ninguém comenta esta vitória do Reigota ? Que dor de cornos que devem andar por aí nas hostes dos PPD´S incluindo tu João Carlos. Andas sempre a favor do vento..não és contra mas não votas a favor abstens-te...tenham vergonha na cara...mais uma lambada que o executivo reigota vos deu...se não fosse ele já este empreendimento estaria em Espanha ou Grécia...Palavras para quê ? Está à vista de todos...incapazes foi o que voçês sempre foram...

     
  • At 04:02, Anonymous Anónimo said…

    Ainda bem quem a Pesca Nova está para chegar!!
    Antes a Pesca Nova que os incêndios florestais! Quem não se lembra do enorme incêndio na década de oitenta que tendo destruído a mata apenas beneficiou alguns ( incluindo Cristhina Onassis e não só)! Não podemos esquecer que a mata florestal de então foi plantada pela população de Mira com o objectivo de suster o avanço das areias para os campos de cultivo. Acredito que há muitas pessoas em Mira que conhecem esse espisódio de duro trabalho. No entanto outras ignoram-no.
    Com a Pesca Nova algumas dezenas de pessoas irão ter um emprego. Emprego gera consumo. Consumo gera procura. Procura gera produção.Para reanimar a economia dos Estados Unidos Franklin Rosevelt na sua campanha eleitoral de 1932 prometeu tirar o seu País da Crise através do New Deal. Em Mira não se trata propriamente de New Deal. Trata-se de tirar este Concelho da mediocridade, do anonimato apesar do investimento ser estrangeiro ( ainda por cima espanhol!).
    Não creio que seja "gigantismo", mas sim vontade dos espanhóis de investir tendo em conta as boas condições geográficas do Concelho. A Pesca Nova surge na hora certa para o Concelho de Mira.
    Quanto ao "gigantismo" há muitos "gigantes" concelhios que não são capazes de investir a longo praso em Mira. é pena ! Tanta fortuna parada, assim como, tanta falta de vontade! É de lastimar as críticas constantemente destrutivas. Onde pára o bom senso?!

     

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