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quinta-feira, dezembro 21, 2006

Turismo Sustentável ?...


Fotos da pista ciclável entre a Lagoa e o Casal


Opinião de
João Rua


A CÂMARA MUNICIPAL DE MIRA celebrou um protocolo de colaboração com a ABIMOTA e a ATECO (Associação Portuguesa de Turismo Sustentável e Ecoturismo), no âmbito do Programa iCentro.

“ (...) A Câmara Municipal de Mira, ABIMOTA e ATECO comprometem-se a desenvolver um projecto que visa a concepção e gestão de uma oficina, de um serviço de rent-a-bike e um serviço de pronto socorro certificados que serão implantados na pista ciclável do concelho de Mira e que servirá de ensaio para uma futura implementação na Região Centro. Este projecto terá as seguintes componentes:
- Complexo infra-estruturas para pistas cicláveis
- Criação de uma bicicleta ecodesing que será disponibilizada mediante sistema de rent-a-bike
- Rede Regional de Pistas Cicláveis do Centro
- Certificação e plano de gestão de pistas cicláveis
- Promoção e Divulgação”


É com projectos destes que poderemos reforçar a nossa competitividade e oferecer aquilo que os outros não podem ou não conseguem oferecer. Chama-se a isto ser competitivo e ser inovador. É evidente que estou a falar da aposta no sector do Turismo.

É um pequeno passo, é uma pequena aposta, é !... Mas pode ter efeitos imensos ao nível da Imagem e da capacidade de atracção de novos e diferentes turistas, por exemplo os ecoturistas.

Por agora há apenas que registar o acontecimento e felicitar e elogiar o Executivo pela iniciativa e pela aposta. Muito bem !... e evidentemente esperar pelo sucesso do Projecto.

Mas para que estas apostas sejam verdadeiras e assumidas apostas não podemos ficar só por aqui. É tempo de lembrar que é necessário envolver os agentes / promotores turísticos do concelho e é tempo de enquadrar outros projectos que se teimam em fazer esquecer ou em fazer de conta que não existem:
O ECOMIRA e a MIRELA. Foram iniciados pelo anterior executivo e depois? Qual é o problema? Não é Mira que interessa?...

Pensar tudo isto de uma forma sistematizada e articulada pode de facto ajudar a construir um modelo de desenvolvimento do sector do turismo inovador... e diferente... e é isso que nos pode tornar competitivos e únicos !...

Fica, mais uma vez, o desafio...


Notas:

ABIMOTA - Associação Nacional das Indústrias de Duas Rodas, Ferragens, Mobiliário e Afins é uma entidade sem fins lucrativos, fundada em 1976 e considerada Instituição de Utilidade Pública, de acordo com a publicação no D.R. n.º 15 - II Série de 19/09/1993. Localiza-se em Águeda.
http://www.abimota.pt/

ATECO - Associação Portuguesa de Turismo Sustentável e Ecoturismo – está actual e recentemente sediada na Lousã

iCentro - Programa Regional de Acções Inovadoras do Centro de Portugal -

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Turismo Natural ou Viveiro Artificial ?



Opinião de

Licínio Patarra

“Small is beautiful”
Schumacher


Desde meninos fomos fadados para o gigantismo. Lembram-se, por exemplo daquele país minúsculo, à beira-mar plantado, que tão afincadamente, e em bicos dos pés tentava mostrar a grandiosidade de um império, que não passava já de uma caricatura desde os tempos do encoberto. Lembram-se que na escola nos ensinavam só o tamanho do Brasil, de Angola, da Serra da Estrela, do rio Tejo, de Lisboa e do Porto? Mesmo hoje pensam que a imprensa perde tempo a falar ou a escrever sobre o Gil Vicente ou do Belenenses ou sobre o Estádio dos Arcos ou José Bento Pessoa? Não, fala-se do Benfica, do Porto, da Catedral da Luz ou do Dragão.


O culto do gigantismo está assim profundamente arreigado na nossa mentalidade, deitando raízes na nossa e noutras culturas. Mesmo os nossos grandes chefes desejam marcar a sua passagem pelo poder com realizações grandiosas.


Naturalmente que tudo isto tem custos. Em economia há uma lei que se estuda logo nos primórdios daquele curso. É a Lei de Economia de Escala. De acordo com esta Lei, os custos evoluem na razão inversa da dimensão da empresa ou seja, quanto maior é a empresa, menores são os custos e daí ser mais barato e competitivo o preço final do produto. Tudo isto seria positivo, se viesse beneficiar o consumidor final. Mas não, por exemplo a nível ecológico, quando com a sede dos baixos custos se ultrapassam os limites de danos aparecem graves efeitos: peixes mortos nos rios, ar irrespirável nas cidades, efeito estufa… Neste campo, os danos aumentam em progressão geométrica ou exponencial, quando a dimensão da empresa ou da população só aumenta aritmeticamente.


Nos últimos anos originou-se o desaparecimento de milhares de explorações agrícolas. No entanto, uma pocilga com 5000 porcos ou uma vacaria com 500 vacas poluem muito mais que 5000 porcos ou 500 vacas tratados a nível de individual em empresas familiares.


Vem isto a propósito do controverso empreendimento da Pesca Nova a colocar em laboração na Praia de Mira, decisão melindrosa que mereceria alguma atenção, enquanto é tempo fazê-lo. Uma decisão deste teor não deve ficar-se por um único gabinete de estudo seja ele privado ou estadual. É necessário que mesmo os particulares e as respectivas associações possam dispor de todas as informações para, se assim o entenderem, apresentarem contra-projectos. A par de um pluralismo político deveria ser possível existir este pluralismo tecnológico, que ainda não tem grande implementação.


Um empreendimento deste género sai de todos os cânones até agora estabelecidos para a Praia de Mira. É melhor pensá-lo e repensá-lo, pois um dia destes todos poderemos pôr as mãos à cabeça e interrogarmo-nos onde tínhamos a mesma quando tomamos semelhante decisão.


Há medidas económicas que gulosamente nos são oferecidas de bandeja, quando outros, por alguma razão não as aceitaram.

Quando a esmola é grande o melhor mesmo é desconfiar. Não vamos nós matar a nossa galinha dos ovos de ouro.

terça-feira, dezembro 05, 2006

PESCANOVA... mais um passo...



Todos esperamos que SIM !...


Opinião de
João Rua



Há projectos que dificilmente serão consensuais e encerrarão sempre uma certa dose de risco. O da PESCANOVA para Mira é um deles. Terá obviamente como qualquer projecto desta dimensão vantagens e implicará certamente também, coisas menos boas. Temos de ter consciência disso.

Na sessão de Câmara de 12 de Setembro votámos favoravelmente uma ideia e uma intenção de Projecto. Com pouca ou nenhuma informação é certo, mas era tempo de sermos pragmáticos e não deixar passar a oportunidade. Aí concordo totalmente com o Executivo com Pelouros. Fez bem e mais importante, fê-lo bem!... Soube estar atento à oportunidade e não a desperdiçou. No entanto e em função do pouco conhecimento que havia deixámos um conjunto de reflexões e de aspectos a considerar nas futuras negociações.

Ontem, na Sessão de Câmara de 5 de Dezembro, já nos abstivemos. Não é passar a responsabilidades para os outros. Nem é acreditar menos. É uma forma de ser realista. Mas com a pouca informação ainda disponível, quem melhor para avaliar e decidir do que aqueles que acompanharam e acompanham todo o processo de negociação? Eu acredito no bom senso dos autarcas com poder de decisão efectiva. Têm ali gente que tem obrigação de estar atenta porque tem capacidade para isso.

É evidente a importância do Projecto para o País. Aliás, mais para o a economia do país que propriamente para a do concelho. Reconheço-o mais ainda após a exposição a que assisti na Sessão de Câmara. E aliás enquadra-se na Estratégia Nacional definida pelo Governo para o sector das Pescas e será provavelmente um Projecto PIN (Projecto de Interesse Nacional).

A nível Local as coisas já não são assim tão lineares e tão óbvias. Mas não deixámos de mais um vez acentuar as nossas preocupações e assinalar o procedimento tal como o entenderíamos correcto. Podemos dizer, sintetizando, que as nossas dúvidas ou se quiserem as nossas recomendações, se enquadram em três pontos:

- A necessidade de se equacionar a compatibilidade deste Projecto com o desenvolvimento e a aposta no sector do Turismo. É essencial e não poderemos deixar destruir pela Imagem menos atractiva do concelho um potencial enorme. Não podemos esquecer que vamos alienar 206 hectares de terreno junto ao mar e em plena floresta e que o vamos ter vedado !... É mais um "não território". Vamos ainda conviver com um tráfego de pesados constante em vias que também esperam receber turistas. E temos de nos preparar para evitar uma possível colagem a um estigma de Imagem de uma Praia menos atractiva...

- A forma como o Acordo de Colaboração não salvaguarda minimamente os interesses do Município. O Município assume quase todos os Riscos, aliena uma importante parcela do território e deixa de fora as questões ambientais. É pouco cauteloso e é demasiado arriscado. Nada acontece à PESCANOVA se algo correr menos bem quer em termos ambientais quer em termos de emprego. À PESCANOVA compete comprar o terreno e investir de acordo com o ritmo dos financiamentos do Estado Português!... Ao município compete quase todo o resto e alienar uma importante parcela do seu território... e obviamente esperar que as coisas corram bem !... porque possíveis problemas ambientais ou de não criação de emprego não são referidos no Acordo, logo em nada responsabilizam ou comprometem a empresa...

- E finalmente, alertámos para a oportunidade que um Projecto desta dimensão e que envolve directamente o Governo Português, pode representar para o município fazer sentir junto das Entidades governamentais uma maior sensibilidade e até assumir compromissos para apoiar outros projectos estruturantes para o concelho. Seja na área ambiental seja na área do Turismo. E aqui as questões da Barrinha, dos Viveiros e da Gestão das áreas Florestais, do Golfe ou da Zona B ou mesmo de Projectos de Investigação cientifica ligados ou não à AIBAP poderiam encontrar apoios até hoje inalcançáveis.

É precisamente na compatibilização das opções políticas locais que incide o problema de decisão e de tomada de decisão. Do pouco que conhecemos, entendemos que ainda há muito a pensar e a estruturar. Em especial naqueles 3 pontos:
- Compatibilizar (com outras opções estratégicas - o Turismo)
- Garantir (correr menos Riscos e garantir mais garantias em especial ambientais)
- Negociar (com entidades governamentais uma atenção sobre o nosso território que tem de facto andado bastante arredia)

Obviamente que os Projectos têm tempos. E o da discussão deste parece estar a esgotar-se. É tempo de decisão e de execução. Que tudo corra bem, assim espero e desejo...