MIRAPOLIS mirapolis MIRAPOLIS mirapolis MIRAPOLIS - GERAÇÃO 2

quinta-feira, agosto 31, 2006

Qual será o nosso Futuro Ambiental ?


Texto de
Carlos Monteiro


Os municípios detectam os seus problemas ambientais, mas ainda são lentos no combate às causas. Na grande maioria o percentual de municípios do nosso país que transmitem os seus problemas é bem maior, do que aqueles que tomam medidas de prevenção para evitar danos ambientais. A falta de compromisso com o meio ambiente é explicitada pelo facto de apenas 12% dos municípios terem uma secção exclusiva para tratar da questão, apenas 2% do quadro de funcionários municipais, em média, é dedicado à pasta.

A questão do crescimento urbano no litoral é uma questão séria, porque ela é consequência do crescimento desordenado das áreas urbanas no litoral. Creio que todos os municípios do litoral têm interesse em que haja um crescimento: as imobiliárias, em vender terrenos; as construtoras, em construir; a população, nos empregos que resultam desse crescimento. Mas pouco se pensa nas consequências, o grande perigo que representa a poluição do lençol freático e mesmo na possibilidade de falta de água potável no futuro. A verdade é que se pensa demasiado em lucros, em desenvolvimento no mau sentido e descuidam-se as questões fundamentais: O saneamento, a preservação da natureza, que afinal de contas, é o grande atractivo do Litoral.

Os principais problemas para a conservação da biodiversidade no nosso Concelho, estão associados ao cultivo junto das margens do nosso sistema hídrico, que actualmente constituem a matriz da paisagem. Esse uso do solo alterou o regime hidrológico da nossa região. Os Cursos de Agua são os ecossistemas mais destruídos, sofrem os impactos da contaminação por agrotóxicos, das águas que retornam das lavouras.

O actual estado da Barrinha é lastimável, aos poucos vai descendo o meu ânimo de ver a Praia de Mira ambientalmente mais equilibrada. Será que ninguém viu no nosso Concelho que a situação dos nossos recursos hídricos é grave? Enfim, mais um triste capítulo na vida desta Vila que já foi maravilhosa, e que expõem a nossa população a potenciais sacrifícios inúteis em detrimento da sua qualidade de vida já debilitada.

Sonho um dia ainda poder mergulhar na nossa Barrinha. Sonho com a execução de um projecto paisagístico digno deste nome, que recomponha as áreas de protecção e promova a intensa arborização das suas margens, evidenciando a riqueza da nossa biodiversidade, com o emprego exclusivo de árvores ornamentais da nossa flora. Espero que o Executivo Municipal assuma na prática e não apenas no discurso, uma atitude ambientalmente correcta.

Para muitos, todos os que sonham são loucos. Estou habituado com essa história desde o meu tempo de estudante, onde quase sempre chamavam loucos aos que sonhavam com um avanço, onde as ciências fossem mais ciências e a tecnologia mais tecnologia. Particularmente, para mim, sonhar sempre foi fácil, o melhor de tudo é que ao sonhar sempre me sobram as ideias. Por isso, vou colocar mais este artigo para os que sonham e se preocupam com o futuro ambiental do nosso Concelho.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Espécies Predadoras


Texto de
Carlos Monteiro


Alçado no seu iracundo bigode, o Sr. Ruas ameaçou espantar à pedrada a súcia de ambientalistas que impede e trava o desenvolvimento do país. O Sr. Ruas depressa corrigiu o “lapsus linguae”, alegando que a lapidação dos fiscais ambientais era apenas em sentido figurado, se calhar até bíblico…

Em sentido igualmente metafórico, o nosso país é também uma cadeia alimentar, uma espécie de documentário do National Geographic sobre a vida marinha. Neste “pântano” viçoso que nos calhou em rifa, movem-se espécies predadoras variadas – de pequenas piranhas a grandes tubarões, de peixes de águas profundas até esguias enguias; temos peixe com fartura para uma caldeirada das antigas.

Ora, neste país das caldeiradas, o Sr. Ruas armou mais uma, ele que representa uma digna espécie predadora, (em sentido figurado claro) que há décadas se tem alimentado do segundo mais valioso recurso de um país – o seu território. Já agora e em termos puramente académicos, o primeiro recurso são normalmente as pessoas.

O território tem servido nas últimas décadas para opípara refeição de predadores de dentuça afiada que devoram cada palminho de terra como se fosse uma iguaria de estalo. O repasto foi transformando a nossa paisagem num escabroso amontoado de caixotes, mamarrachos, shopping`s e condomínios com piscina, ginásio e Securitas à porta. Uma salgalhada cacofónica que foi crescendo desordenadamente perante a complacência, ou melhor, o jeitinho camarada dos poderes públicos, com notório destaque para aqueles que o Sr. Ruas representa – os autarcas.

Quando o ganha-pão de uma autarquia é o tijolo, está o caldo entornado – junta-se a fome e a vontade de comer. A pressão urbanística e o “desenvolvimento” do nosso país foi sustentando a indústria do betão que constitui o mais poderoso e sinistro lobie cá do burgo. Muitos dos autarcas do nosso país, quando passarem à posteridade estatuária nas suas praças do município, deviam ser representados operando uma betoneira, em sentido figurado, claro.

Não tarda uma loja de barbeiro para os “patos bravos” e os industriais da construção civil estarem a roer os ossinhos, sendo natural que a “pressão” aumente junto dos seus parceiros de sempre. Acontece também que com as agressões tão descaradas que foram sendo feitas às nossas cidades e vilas, hoje o escrutínio público é maior. Acontece também que as regras hoje são mais rígidas e difíceis de contornar. Os PDM`s são, já se sabe, instrumentos flexíveis, mas cujas alterações têm exposição e impacto público. Desperta uma consciência cívica na defesa da terra, do património e do ambiente, plasmada nos movimentos de cidadania que irrompem como cogumelos benfazejos, e vão colocando freio nalguns apetites mais funestos.

E, depois há uma “burocracia ambientalista” que asfixia o nó do babete dos glutões e que temporiza a “pressão urbanística”. Foi contra esta consciência cívica e ambiental que o Sr. Ruas, presidente da Câmara Municipal de Viseu e líder da Associação Nacional de Municípios quis arremessar os calhaus que sobram nas obras “paradas” da sua cidade das rotundas.

Em sentido figurado claro, recomendamos ao Sr. Ruas que se monte no seu bigode alado e nas suas rotundas pacóvias, e vá pregar para outra freguesia, que para esse peditório, já demos.
Para ordenar o nosso território e criar um urbanismo orientado para o bem-estar das populações seria preciso dinamitar boa parte dos insultos arquitectónicos que foram sendo cometidos ao longo das décadas.

Se fiscais ambientais só à pedrada, autarcas manhosos, só à bombada!

terça-feira, agosto 22, 2006

Sítios...


Texto de
João Rua

Sítios assim... Únicos... por isso merecem toda a nossa atenção, todos os nossos cuidados...

O "morro", na sua relação com a praia mas essencialmente na sua relação coma Barrinha já sofreu demasiadas agressões... E nem sequer se trata de um problema de quantidade de construção... mas sim da forma, da imagem e do enquadramento e da inserção da construção...

Por isso os poucos vazios que ainda existem na Praia de Mira ganham uma maior importância e um valor de "espaços de Oportunidade a não perder"... exigem por isso, um tratamento qualificado nos projectos e bom senso nas decisões...

Não conheço o projecto que o placard anuncia... por isso registo apenas preocupações... Intervir naquele sítio Responsabiliza. Todos. Promotores, Técnicos e Decisores.

Não se pode licenciar naquele Sítio sem atender à qualidade do projecto, sem considerar a inserção urbanística na envolvente, sem considerar a avaliação da relação, visual e funcional, com a zona de cota mais baixa. Não se pode licenciar se for "mais do mesmo" porque será mais uma oportunidade perdida. Não se pode licenciar sem se ter um estudo desenhado do que se pretende para o Sítio definindo o que é espaço público e a forma como tal espaço no futuro se relacionará com a zona mais baixa...

É um espaço demasiado importante que merece um projecto global, coerente e que valorize o enquadramento paisagístico que proporciona. Pode e deve marcar, servindo de exemplo, o processo de construção de uma Imagem mais qualificada da Praia de Mira... E é aqui que é exigente.

Para quem propõe, porque deve perceber que valorizar o Sítio com um projecto adequado valoriza o investimento. Para quem aprecia o licenciamento, porque obriga a pensar e avaliar além do projecto, o Sítio. Para quem decide, porque permite mostrar como pensa os lugares importantes e únicos e a sua capacidade de aos poucos ir mudando a Imagem dos Sítios...

Bom Senso precisa-se. Algum dia alguém terá vontade de procurar mudar o que é "normal e costume fazer". Queremos a Praia diferente ou não ? Licenciar um projecto naquele Sítio sem considerar as preocupações apontadas é omitir responsabilidades.

Não conheço o projecto, insisto. Tenho, além das preocupações apontadas, alguns receios... Mas é que gostava de ver o Executivo defender um bom projecto e uma ideia para o Sítio... Ou não é um dos principais da Praia ? Para mim é...

quarta-feira, agosto 02, 2006

Centro Descentrado







Texto de
João Rua




Agora que acabaram as Festas é oportuno olhar para o que delas ficou... E na minha opinião, o maior contibuto das Festas foi o de nos relembrar e de nos mostrar a necessidade urgente de animar e "redesenhar" o Centro da Vila... A Vila parece outra quando o Centro ganha vida urbana...

O Centro da Vila precisa urgentemente ser redesenhado... Aquela "praça/jardim" precisa de assumir uma vocação de maior uso urbano... é demasiado grande para a envolvente que tem e precisa de ter algo que motive a pessoas a frequentá-la e a usufrui-la... A Avenida tem de ganhar mais vida e deve procurar uma maior dimensão... Tem de incentivar a localização de actividades e funções que estimulem a vida urbana.... e o espaço público precisa de ser mais atractivo...

Ideias imagino que há muitas, eu também tenho algumas que irei até, num próximo "post" apresentar, mas o que Mira precisa mesmo é que um Executivo, seja ele qual for, se atreva a pensar e a executar um Centro que dignifique a Vila e o Concelho...

... Até lá, e usando um pouco de ironia, quase que dá vontade de dizer que o centro da Vila existe sim, mas mais não é que um cruzamento de duas estradas... ou como me costuma dizer um amigo meu, o verdadeiro Centro da Vila está no largo de Portomar...